terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Garota Perfeita


Ela costumava ser uma garota comum. Mediana às vezes, outras, abaixo da média, mas nunca acima. Aos olhos dele, ela era perfeita. Principalmente, perfeita pra ele. Ou assim foi durante um tempo. Assim foi antes do jeito dela, o jeito como se vestia, falava e se comportava começasse a incomodá-lo. Ela não o incomodava por eles. Não. Ele se incomodava com ela pelos comentários feitos pelos outros. Agora com as criticas recebidas pelos amigos e conhecidos, ela não era mais perfeita aos olhos dele.
Ele era um garoto fútil. Sabia disso e admitia embora não tivesse orgulho de tal fato. Ambos sabiam que futilidades era importante pra ele. Quanto mais as pessoas falavam, mais incomodado ele ficava. Então ele decidiu fazer um pedido a ela, embora ele soubesse ser egoísta, ele achava que seria o mais justo pros dois. O melhor pros dois. E ela faria, ele tinha certeza. Se ela o amava como dizia, ela faria o que ele pediria.
Ele decidiu reunir todo o pouco tato que tinha e foi falar com ela. Ele lhe pediu para que mudasse. Ela ouviu com atenção enquanto ele falava como ele se sentia e argumentava, com argumentos fracos, motivos para que ela mudasse, motivos pra que ela fosse mais como as outras garotas.
Ela sorriu pra ele. Um sorriso carregado de emoções que ela sentia naquele momento. Ela entendia o que ele queria dizer. Ela o amava. Doía saber que ela poderia perdê-lo por algo tão bobo, mas isso não mudava os fatos. Ou ela o mudava, ou ela mudava por ele, ou ela o perderia.
Ele só esqueceu, que por mais que ela o amasse, ela amava ainda mais a ela mesma. Gostava muito de quem era. Ela sabia quem era e não mudaria isso por ninguém. Muito menos por opiniões alheias, mesmo que isso custasse perdê-lo.
Ele não gostou. Brigas. Brigas. Brigas. E mais brigas. Ele poderia ter pedido qualquer coisa a ela, menos que ela mudasse quem ela é. Ele não achava que pedia isso, mas era isso que ele estava pedindo.
Apesar das brigas, eles se amavam, continuaram juntos, sempre brigando pelos mesmos motivos. Incansavelmente tinham brigas repetidas. Como um replay. Sendo voltando e brigando. Até que um dia ela cansou.
Não queria mais brigar por uma bobagem. Se ele insistia tanto, se era importante pra ele, ela mudaria. E mudou. Mudou muito. Finalmente ela mudou e tinha se tornado justamente quem ele sempre quis. Agora ela era a garota perfeita dele. De novo.
Mas ele não era o garoto perfeito dela. O problema é que não havia nada que ele pudesse mudar e fazer isso acontecer. Não teria como ele nascer de novo. Ele não era o tipo dela. Ela o amava, mas ele não era o garoto perfeito.
E esse é o problema das garotas perfeitas. Se elas existem? Existem. Pessoas perfeitas não são aquelas sem defeitos, pessoas perfeitas são aquelas que reúnem todas as qualidades que procuramos numa pessoa, tudo aquilo que desejamos. Mas as garotas perfeitas querem garotos perfeitos. Afinal de contas, uma It Girl precisa de um It Boy. É assim que as coisas funcionam.
E agora que ela era aquela garota que ele sempre sonhou, aquela garota que todos que antes criticavam queriam, ela não queria mais ele. Agora ela não podia mais suportar as bobeiras dele, as constantes mudanças de mau humor e nada daquilo. Ela não podia mais suportar, era demais pra ela. Ela era demais pra ele. Agora que ela era a garota perfeita, ela iria atrás do seu garoto perfeito também.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Aquele garoto. Esse homem.

Foi aquele garoto não tão qualquer assim que me ensinou o que é amor, o que é amar. Então agora eu reúno minhas coisas e me despeço dele com um agradecimento no olhar e um sorriso nos lábios. Agora eu reúno minhas coisas e posso dar as costas para aquele garoto que um dia me fez amá-lo tanto. Ainda amo. Agora eu posso sair correndo carregando uma das minhas malas, pesadas, em direção ao único homem que eu quero amar.
Agora sim eu posso viver o amor. Amar não é pra quem quer, é pra quem pode. E eu finalmente posso. Eu finalmente aprendi. Obrigada garoto por me ensinar tanto, por me fazer aprender o essencial pra que eu pudesse viver a minha vida como eu sempre quis.
As cicatrizes do que vivemos estão tatuadas na minha alma, intrínsecas em quem sou. Uma parte sua sempre estará em mim, a carregarei comigo sempre por mais pesada que seja, farei questão de manter sempre comigo. Sem você, não seria nem metade do que sou. Eu espero que eu tenha te ensinado coisas também, sei que ensinei, um dia talvez quem sabe, você perceba.
Eu e minha mania de sempre te impor coisas, te ensinei a me amar. Na verdade, aprendemos, juntos. Sempre juntos, como sempre fizemos. Uma boa dupla formamos em qualquer coisa que quisermos.
Desculpa por todas as vezes que te causei qualquer tipo de mal, algumas foi intencional, não nego, outras não. Desculpa por todas elas. De verdade.
Eu falaria mais, mas agora eu tenho que ir. Ele está me esperando. Te falei dele, não falei? É aquele cara ali ó, aquele segurando uma das minhas malas. Sabia que ele me disse que me ajuda a carregar todas as malas que eu tiver? Eu nem acreditei quando ele disse, você sabe, não é o tipo de coisa que você faria, nem qualquer cara que eu tenha conhecido. Na verdade duvido que existam homens que ainda façam isso, mas ele, ele faz.
Eu te abraçaria, te daria um beijo na bochecha e sentiria seu cheiro pela última vez, mas minhas mãos estão realmente ocupadas, não vai dar. Fica pra próxima, algum dia, quem sabe.
Eu tenho realmente que ir. Ele está me esperando. A gente se esbarra por ai, não se esbarra?
Antes que ele fosse capaz de me responder eu sigo em frente sem olhar pra trás. Não tenho motivos pra olhar pra trás. Até porque com tanta bagagem, se eu fizer isso sei que posso tropeçar, e eu não quero tropeçar, porque ai eu posso cair e cair com algo tão bonito me esperando não dá. Não tenho motivos pra olhar pra trás, tudo o que eu quero, está bem ali na minha frente, apenas a 10 passos de distância.