segunda-feira, 24 de junho de 2013

Frio

Está frio. Quer dizer, eu não sei se está mesmo muito frio ou se somente eu estou sentindo com mais intensidade, porque meu corpo é sempre gelado mesmo, você sabe. Mas isso não importa. Tudo o que importa é que está frio e a única coisa que eu consigo pensar é você. Eu não queria um aquecedor, nem edredom quentinho, nem chocolate quente, nem sopa e nem nada dessas coisas que nos esquentam tanto. Tudo o que eu queria era você aqui agora comigo. Eu estou aqui deitada na minha cama, com meu netbook no colo, escrevendo esse texto pensando no quanto eu gostaria de te ter aqui comigo. No quanto eu gostaria de ter aqui comigo, pra você me esquentar, pra eu te encher de beijinho, pra você me abraçar, pra eu te provocar, pra você me atacar e para NÓS não resistirmos um ao outro.
          Eu quero poder te beijar, te lamber e te devorar com os meus cinco sentidos. Ou melhor dizendo, com os seis, porque é o sexto que me fará ter ainda mais noção da intensidade dos seus sentimentos, da sua alma, do quanto a gente combina em tudo o que é possível combinar. Eu quero te abraçar sabendo que não tenho hora pra largar, quero que você me abrace como se jamais largaria. Quero ver você adormecer em meus braços enquanto te faço cafuné, quero poder dormir e acordar ao teu lado, geralmente meu humor é péssimo logo quando acordo, mas não contigo.
          Você muda isso. Você muda tudo. Você quebra todos os meus padrões de conduta e de tudo. Você quebra padrões, bate recordes e colori tudo aquilo que está cinza. Com você, até o bege ganha vida. Qualquer cor ao teu lado tem um gostinho todo especial, porque é isso que você faz. Minha festa é onde você está.
          Eu quero você comigo, meu vir a ser, eu quero você só pra mim. Meu. De mais ninguém. Quero poder te chamar de meu sabendo que você é, quero poder te dizer "sou sua" e ver seu sorriso ao constatar esse fato. Quero que você deixe de ser potência e seja em ato. E que depois seja somente ato puro, sem potência alguma, perfeito, uno e imutável. Essa talvez seja a minha forma de dizer "permaneça sempre por favor", ou melhor dizendo, uma forma filosófica de se dizer isso.
          Mas tudo bem, porque você entende...
          Esse é o bom, a gente se entende, meu vir a ser. A gente se entende bem demais :)


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

NOLAVA - random stuff

- Ei, você! Espera! – o Arthur disse correndo atrás dela ofegante.
- O que você quer? – ela respondeu de forma grosseira.
- Eu... – ele abaixou a cabeça perdendo a fala. – Não sei.
- Ah que ótimo. Olha, eu realmente não tenho tempo pra isso.
- Eu sei, quer dizer. Imagino que você deva ser muito ocupada.
- Eu sou. – ela disse evitando olhar nos olhos dele.
- Desculpe, eu não sei porque eu... – ele não terminou a frase. Ao invés disso ele levantou a cabeça e procurou olhá-la nos olhos o que a pegou de guarda baixa.
Novamente aquela sensação estranha a invadiu. Era como se eles se conhecessem há muito tempo. Ela sentia que o amava. Mas isso era impossível.
Desviou o olhar ainda mais irritada do que estava antes.
- Não me procure de novo. Ok? Não tenho tempo pra ficar jogando conversa fora.
- É verdade o que dizem? – ele perguntou afobado como se quisesse continuar falando pra mantê-la ali.
- Isso depende. O que andam dizendo agora? Que eu sei voar?
- Dizem que você será a próxima Alta Sacerdotisa.
- Bem, isso ninguém sabe. Mas é o que eu quero. Não que isso seja da sua conta.
- Você não quer se casar? Ter filhos?
- Uma Alta Sacerdotisa pode ter filhos. Quanto ao casamento... Ah não, obrigada. Quer dizer, de certa forma, me casarei com aquele que for o Merlin.
- Eu ouvi sobre isso e me parece ser estranho.
- Eu ouvi que você foi criado como Cristão então obviamente tudo aqui é muito estranho pra você.
- É, eu fui. Mas...
- Mas?
- Não sei, sempre me pareceu que estava faltando alguma coisa. É como se não fosse capaz de preencher tudo aquilo que eu tinha duvida.
- E aqui você consegue?
- Consigo. – ele respondeu parecendo envergonhado.
- Isso não é motivo pra ter vergonha.
- Acho que sim. Não sei, ainda estou tentando me acostumar com tudo isso. Cresci ouvindo que tudo isso que vocês acreditam e cultuam aqui é coisa do diabo.
- É o que você acha?
- Não. – ele disse sincero.
- Que bom. Porque não é. Nem acreditamos no diabo. Isso é uma invenção Cristã, não nossa.
Os dois ficaram em silêncio olhando pro rosto um do outro, mas sem se olharem diretamente nos olhos.
- Sabe, eu sinto como se te conhecesse há muito tempo.
Assim quando ele disse isso ela gelou e seu coração acelerou feito louco. Ela ficou grata pela audição humana não ser capaz de ouvir sons sutis. Apesar que sutil seria a ultima palavra pra ela descrever essa reação estranha do seu coração.
Ela também tinha essa mesma sensação de que o conhecia há muito tempo. Mas não poderia incentivá-lo com nada disso.
- Você também sente isso? – ele perguntou esperançoso. Dava pra ver que ele esperava que ela dissesse que sim.
- Não. – ela mentiu. E nunca se sentiu tão mal por fazê-lo, mas sabia que sua melhor amiga estava apaixonada por esse garoto e não ficaria no caminho entre eles, até porque, ela queria ser a Alta Sacerdotisa, ou seja, não poderia ser de homem nenhum.
- Ah. Bom, você disse que tinha que ir né? Desculpe, não irei mais incomodá-la, só achei que devia saber disso.
- Já sei. Até mais. – ela disse sem sorrir virando as costas pra ela tentando não pensar nas possibilidades que havia acabado de deixar pra trás.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Querida inveja,

Eu não faço a mínima ideia que cara você tem. Logo, não serei capaz de reconhecê-la quando se aproximar de mim. Contudo, quero que saiba, que caso opte por mexer comigo, será o seu maior erro. Tenho que admitir que ficarei muito feliz em dar corda pra você se enforcar sozinha, aliás, nem preciso. Você é recalcada então nem precisará do meu empurrãozinho estratégico. E ahhh, antes que eu esqueça... Eu assistirei de camarote a sua queda, saberei quem és ao cair...
ass: Stéfanie Gusmão.

sábado, 3 de novembro de 2012

Desabafos

Amizade. Ouço/vejo muita gente por ai se lamentando o quanto é difícil arranjar um amigo de verdade atualmente. Bom, eu não tenho esse problema. Talvez as pessoas devessem parar de sempre pôr a culpa em seus relacionamentos fracassados nas outras pessoas, você tem, no mínimo, 50% de responsabilidade pelos seus relacionamentos, os outros 50% fica com a outra pessoa. Então, ao invés de ficarem por ai falando e reclamando de falsos amigos, deveria pensar se VOCÊ é um bom amigo e provavelmente a resposta será negativa. Acho que por isso não tenho problemas que nem todo mundo parece ter em ter amigos de verdade. Todos os meus amigos sabem e reconhecem que sou sim uma boa amiga, me atrevo a dizer que sou uma excelente amiga. Não, eu não vou está sempre colada neles, nem falar todos os dias, nem dizer sempre que os amo, mas eles saberão disso, eles SABEM disso. Eu não falo com o meu melhor amigo nem todo o mês, e ele entende, cada um tem sua vida, rumos diferentes, mas ele sabe que sempre que precisar, estarei lá. EU SEI que sempre que preciso ele estará lá.
Contudo, quando eu penso em amizade eu penso em certas garotinhas muito especiais. Garotinhas essas que são minha fonte de inspiração. Garotinhas que sempre me deram apoio. Garotinhas que são minhas fãs de carteirinha, que se divertiam com meus textos, minhas histórias. Garotinhas que eu tenho uma amizade tão especial que estou escrevendo um livro em homenagem a elas, a nossa amizade.
Eu quero que vocês saibam que eu sinto saudades de vocês TODO SANTO DIA. Minha vida atualmente está realmente boa, fiz novos ótimos amigos, mas... Vocês são vocês. Estar com vocês, era estar com vocês. Nada se compara. Ninguém se compara. Não chega nem perto. E de jeito nenhum eu aceitaria uma espécie de imitação, não dá. Depois que se conhece o melhor, o bom não serve mais.
Tem horas, dias, minutos que é muito difícil estar tão longe de vocês, ter tão pouco contato frequente. As vezes dá raiva do mundo por termos rumos tão diferentes. As vezes, muitas vezes.
Estar com vocês, era me sentir viva. De uma maneira diferente. Inexplicável, então nem tentarei explicar... Creio que vocês saberão.
Estamos em fases diferentes que nos exigem de formas diferentes e em intensidades diferentes. Mas por mais difícil que seja, eu não desisto de vocês de jeito nenhum. Isso simplesmente não é uma opção....
Vai me doer marcar um nome aqui, mas me doeria ainda mais não marcá-lo.
Vocês são mais pra mim que apenas um rótulozinho de "ei, são minhas amigas". Vocês valem muito mais do que meu orgulho ou qualquer coisa assim. Nunca foi fácil pra gente. Não foi fácil nem no inicio, por que depois seria diferente? Provavelmente só ficará cada dia mais, porque a cada dia que passa, vocês se tornam mais e mais especiais pra mim bando de malucas!!
De vocês eu não desisto nunca e nem deixarei que o façam.
I love you all, bitches... so fucking much!

sábado, 20 de outubro de 2012

Cartas a um esteta


Querido diário,
Não sei por onde começar. Tudo o que sei é que preciso desabafar de alguma forma e essa foi a única que encontrei: você. Não posso me atrever a contar o que passo neste momento a mais ninguém, pois sei que sempre há fofoqueiros à espreita, a espera, que, eu cometa algum erro e cause algum escândalo em minha família.
Jamais poderei ser tão descuidada a ponto de permitir que meus pensamentos mais profundos e secretos venham à tona, seria vergonhoso e embaraçoso. Nunca em minha vida senti-me tão vulnerável, afinal de contas, não me vejo dessa forma como minha família acredita que eu seja.
Porém, agora me encontro assim e não sei o que fazer nem pensar. Sem mais delongas, sinto dizer que estou profundamente apaixonada. Sei que parece normal uma jovem como eu se apaixonar, “Já não era hora” diriam alguns, mas não é normal. Não é normal, pois, me apaixonei pela pessoa mais perigosa que alguém poderia se apaixonar.
Lamento profundamente, principalmente no que concerne a minha futura sanidade mental, dizer que, estou apaixonada por um esteta. Foi algo a primeira vista que fui incapaz de controlar e que, muito provavelmente, eu não iria querer controlar mesmo que eu pudesse.
Um recém chegado, não tão qualquer assim, na cidade. Recém chegado esse que me conquistou pela primeira vez em que seus olhos cruzaram o meu caminho. Seus lábios escondiam um sorriso presunçoso enquanto seus olhos fitavam-me como se ele pudesse ver minha alma. Seus cabelos eram de um negro intenso o que contrastava com sua pele pálida e seus olhos que me lembrava das esmeraldas que minha mãe usava em seu pescoço.
Ao passar por mim sorriu mais abertamente, um sorriso torto que dizia claramente que ele sabia que eu estava encantada por ele. Seus olhos, semicerrados de forma sexy e sugestiva, piscaram para mim antes do meu pai chegar ao meu lado fazendo com que, ele se retirasse de vista.
Obviamente, só mais tarde descobri pela minha família a preocupante reputação do sujeito. Um artista muito talentoso, segundo minha família, mas igualmente inapropriado para uma mulher como eu.
- Meu sogro estava me contando que ele faz muito sucesso na capital. – disse meu pai à minha mãe que parecia entredidamente curiosa.
- O que ele faz? – perguntei sem conseguir esconder minha ansiedade. Minha mãe me lançou um olhar desconfiado, mas felizmente meu pai nada percebeu.
- É pintor. Um dos melhores! – meu pai parecia animado. – Eu queria mesmo uma imagem recente sua. Estou pensando em contratá-lo... O que acha?
- Eu... – hesitei ao responder. Será que seria prudente de minha parte concordar? “Não!” minha mente berrou, mas minha boca tomou vida e respondeu as seguintes palavras antes que eu fosse capaz de fechar a minha boca. – Sim, eu adoraria.
- Ótimo, ele virá hoje mesmo, hoje à tarde. Está tudo combinado. – meu pai parecia genuinamente feliz.
- E se eu dissesse não? – perguntei.
- Eu mandaria cancelar, é claro.
Naquele mesmo dia conheci então o sujeito que mudaria minha vida de forma drástica e permanente. Naquele dia, descobri que me sentia atraída por ele de forma muito mais intensa do que já tinha experimentado na vida. Naquele dia, me atrevo a dizer que redescobri o significado da palavra atração.
Tudo nele me seduzia.
Ele era diferente de tudo aquilo que eu havia lidado. Ele era diferente de todos os garotos que eu já havia conhecido e me relacionado. Ele era diferente. Ele era, para mim, a personificação da perdição, da minha perdição.
Conforme conversávamos e nos conhecíamos durante horas e horas dos dias em que ele pintava meu quadro, descobri coisas sobre ele que eu não sabia se me deixava mais encantada ou aterrorizada, um pouco dos dois, creio eu.
Ou muito dos dois, melhor dizendo.
Certa vez perguntei a ele para me falar mais sobre ele e ele apenas sorriu e disse uma palavrinha que dizia muito dizendo pouco.
- Sou esteta. – disse em sua voz gutural.
No momento apenas franzi o cenho ao ouvir tal palavra desconhecida. Ele apenas sorriu ao, provavelmente, perceber minha ignorância ao ouvir sua definição de si mesmo. Decidi que minha melhor opção era perguntar ao meu pai.
- Esteta? Onde você ouviu isso? – meu pai perguntou desconfiado. Eu apenas dei de ombros e o deixei falar. – Bom, é o tipo de homem que eu jamais gostaria ou permitiria você se envolver. São movidos a realizar seus desejos numa espécie de busca de prazer que nunca chega. Gostam de seduzir mulheres como você, portanto fique longe de um quando souber que é um. Você simplesmente cairia na lábia desse filho da puta e depois ele te abandonaria. É tudo o que você precisa saber. – o tom utilizado pelo meu pai era claramente encerrando o assunto, não ousei falar mais nada.
Eu sabia que meu pai estava fazendo uma leitura provavelmente muito equivocada sobre o real significado, mas pelo o que meu pai dissera, eu só tinha uma certeza: eu estava lascada.

sábado, 28 de abril de 2012

Dionísio (angustias)

Eu olhei para ele. Desviei antes que ele pudesse fazer mais uma de suas leituras tão bem feitas sobre mim e o que estou sentindo. Ele estava ali, na minha frente, apenas a alguns centímetros de distância, tão perto que se eu estendesse minha mão eu poderia tocá-lo. E por que não? Dei um passo e beije-lhe os ombros tornando a me afastar.
Eu estava demasiadamente preocupada com os meus sentimentos para que eu fizesse uma boa leitura dele. Eu estava demasiadamente preocupada com que meus sentimentos e frustrações ficassem tão claros a ponto de... Não sei a ponto de quê. Tudo o que eu tinha plena consciência, é que eu não queria lidar com eles tão cedo.
Eu me atrevi a olhar em seus olhos e percebi que não havia neles o brilho tão conhecidamente familiar. Ele estava lá, o brilho. Eu sabia, podia sentir, mas eu não conseguia ver. Rugas de expressões tomavam todo o seu rosto. Ele parecia cansado, triste, confuso, ao mesmo tempo em que estava levemente feliz. Mas as suas preocupações, receios, desconfianças, pareciam dominar.
- Você está diferente. – ele me diz. Não foi surpresa alguma seu comentário. Eu sabia que ele perceberia, já que é sempre tão perceptivo.
- Diferente como? – perguntei cruzando os braços, já retomando uma forma defensiva.
- Nada. Deixa pra lá.
- Não. Me fala. – falei de forma totalmente exigente, o que foi péssimo, porque só reforçou o fato de que ele não iria falar.
- Não. Não vou falar isso pra você.
- Por favooor! – falei. Só que dessa vez adotando uma expressão, postura e voz completamente diferente. Se o autoritária não serviu, tudo o que me restava era usar o olhar do gatinho do Shrek.
- Faz isso não vei. Faz essa cara não. – ele me pediu já claramente cedendo. Como de fato estava funcionando, eu continuei.
- Por favor... – pedi.
- Nada. Só... A forma como você disse que não vem amanhã. Mas tudo bem, talvez seja melhor assim, talvez seja melhor pra você.
- E pra você?
- Não. – ele respondeu sem precisar pensar. – Não... – a sua voz dava o tom de reticências em sua fala, sua cabeça balançando em negação só confirmava que definitivamente ele não considerava bom as implicações do tom de voz por mim utilizado.
Eu olhei pra ele e me senti triste e feliz ao mesmo tempo. Então eu o abracei. Abracei bem forte, abracei demorado, abracei-o pra valer.  Não havia nada que pudéssemos fazer. Quer dizer, de certa forma sempre há, mas escolhas nunca são fáceis. Escolhas são renúncias. Renúncias que ele ainda não estava preparado pra fazer e eu definitivamente também não estava. Ali, naquele momento, tínhamos chegado a um impasse.
A saudade, o gostar, o cuidado, a alegria estavam ali, bem ali com a gente naquele momento, só que infelizmente eles não eram os únicos presentes.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Dionísio (abraço)

- Amigos? – falei incerta mais como uma sugestão de sermos amigos do que uma pergunta em si estendendo minha mão em direção a ele para um rápido aperto de mão. Quer algo mais civilizado, controlado e impessoal?
- Amigos. – ele respondeu como se houvesse reticências em sua fala enquanto ele apertava minha mão.
- Eu... – comecei a falar, mas logo fechei a boca ao olhar mais uma vez nos seus olhos. Desviei de forma quase que imperceptível para que eu fosse, ao menos, capaz de criar sentenças completas com algum sentido. Algo que, para mim, era extremamente difícil. Eu não fazia o menor sentido quando estava com ele e eu sabia disso. Eu não conseguia pensar. Ironicamente era para quem eu mais queria que eu parecesse inteligente. – Quero ao menos ser sua amiga, te conhecer melhor. Você me parece interessante. – eu sorri internamente pensando no tamanho eufemismo da minha ultima frase.
- Claaaaro. Eu também quero te conhecer. – ele sorriu. Dessa vez um sorriso mais leve, quase infantil. – E não precisa manter essa distancia não. – ele indicou gesticulando a distância geográfica em que nos encontrávamos.
Eu apenas olhei de onde ele estava para onde eu estava e sorri.
- Posso te dá um abraço? – perguntei com plena consciência dos riscos que um simples abraço poderia causar.
- Lógico! – ele sorriu mais abertamente o que me fez sorrir.
Andei toda a distância entre nós até estar a somente alguns centímetros de seu corpo, de seu rosto. Mas lembrei de evitar seus olhos, antes que me visse prisioneira deles mais uma vez.
- Me abrace direito, não esse abraço mal dado, de lado. Me abrace direito. – ele reclamou.
E então eu o abracei. Eu realmente o abracei e fui completamente pega de surpresa pela sensação que isso causou em mim. Perfeito. Como era possível que o corpo de alguém se encaixasse tão perfeitamente? Ele tinha as dimensões exatas para que eu facilmente enterrasse minha cabeça em seus ombros ao mesmo tempo em que o cheiro do seu pescoço me deixava... Extasiada. Seu cheiro era de fato, inebriante.
Seu corpo era quente e macio, o que era ótimo naquela noite fria. Ou em qualquer outra noite fria. Eu sabia que abraçando-o eu provavelmente não iria mais querer soltar e foi o que aconteceu. Parecia tão... Certo. Eu não deveria estar ali, eu sabia, conscientemente, logicamente, racionalmente eu sei que não deveria, mas não era o que eu de fato sentia.
E por que seria errado? Não era. Não é.
O abraço dele me transmitia uma segurança maior do que sou capaz de colocar em palavras. Pela primeira vez na vida eu me sentia segura. Sem medos. Sem grilos. Sem neuroses. Sem milhões de perguntas sem resposta. Sem pensar no antes, sem pensar no depois. Pela primeira vez em muito tempo eu conseguia aproveitar o momento pra valer. O ali e o agora.
Uma das melhores sensações do mundo, se não a melhor, é a de estar em casa, de estar exatamente onde você deveria estar, de estar e SER feliz. E eu estava. Não havia qualquer outro lugar do mundo que eu gostaria de estar. Não havia qualquer outra pessoa que eu gostaria que estivesse ali, no lugar do meu Dionísio. Perfeito. Tudo estava... Perfeito.