terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Garota Perfeita


Ela costumava ser uma garota comum. Mediana às vezes, outras, abaixo da média, mas nunca acima. Aos olhos dele, ela era perfeita. Principalmente, perfeita pra ele. Ou assim foi durante um tempo. Assim foi antes do jeito dela, o jeito como se vestia, falava e se comportava começasse a incomodá-lo. Ela não o incomodava por eles. Não. Ele se incomodava com ela pelos comentários feitos pelos outros. Agora com as criticas recebidas pelos amigos e conhecidos, ela não era mais perfeita aos olhos dele.
Ele era um garoto fútil. Sabia disso e admitia embora não tivesse orgulho de tal fato. Ambos sabiam que futilidades era importante pra ele. Quanto mais as pessoas falavam, mais incomodado ele ficava. Então ele decidiu fazer um pedido a ela, embora ele soubesse ser egoísta, ele achava que seria o mais justo pros dois. O melhor pros dois. E ela faria, ele tinha certeza. Se ela o amava como dizia, ela faria o que ele pediria.
Ele decidiu reunir todo o pouco tato que tinha e foi falar com ela. Ele lhe pediu para que mudasse. Ela ouviu com atenção enquanto ele falava como ele se sentia e argumentava, com argumentos fracos, motivos para que ela mudasse, motivos pra que ela fosse mais como as outras garotas.
Ela sorriu pra ele. Um sorriso carregado de emoções que ela sentia naquele momento. Ela entendia o que ele queria dizer. Ela o amava. Doía saber que ela poderia perdê-lo por algo tão bobo, mas isso não mudava os fatos. Ou ela o mudava, ou ela mudava por ele, ou ela o perderia.
Ele só esqueceu, que por mais que ela o amasse, ela amava ainda mais a ela mesma. Gostava muito de quem era. Ela sabia quem era e não mudaria isso por ninguém. Muito menos por opiniões alheias, mesmo que isso custasse perdê-lo.
Ele não gostou. Brigas. Brigas. Brigas. E mais brigas. Ele poderia ter pedido qualquer coisa a ela, menos que ela mudasse quem ela é. Ele não achava que pedia isso, mas era isso que ele estava pedindo.
Apesar das brigas, eles se amavam, continuaram juntos, sempre brigando pelos mesmos motivos. Incansavelmente tinham brigas repetidas. Como um replay. Sendo voltando e brigando. Até que um dia ela cansou.
Não queria mais brigar por uma bobagem. Se ele insistia tanto, se era importante pra ele, ela mudaria. E mudou. Mudou muito. Finalmente ela mudou e tinha se tornado justamente quem ele sempre quis. Agora ela era a garota perfeita dele. De novo.
Mas ele não era o garoto perfeito dela. O problema é que não havia nada que ele pudesse mudar e fazer isso acontecer. Não teria como ele nascer de novo. Ele não era o tipo dela. Ela o amava, mas ele não era o garoto perfeito.
E esse é o problema das garotas perfeitas. Se elas existem? Existem. Pessoas perfeitas não são aquelas sem defeitos, pessoas perfeitas são aquelas que reúnem todas as qualidades que procuramos numa pessoa, tudo aquilo que desejamos. Mas as garotas perfeitas querem garotos perfeitos. Afinal de contas, uma It Girl precisa de um It Boy. É assim que as coisas funcionam.
E agora que ela era aquela garota que ele sempre sonhou, aquela garota que todos que antes criticavam queriam, ela não queria mais ele. Agora ela não podia mais suportar as bobeiras dele, as constantes mudanças de mau humor e nada daquilo. Ela não podia mais suportar, era demais pra ela. Ela era demais pra ele. Agora que ela era a garota perfeita, ela iria atrás do seu garoto perfeito também.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Aquele garoto. Esse homem.

Foi aquele garoto não tão qualquer assim que me ensinou o que é amor, o que é amar. Então agora eu reúno minhas coisas e me despeço dele com um agradecimento no olhar e um sorriso nos lábios. Agora eu reúno minhas coisas e posso dar as costas para aquele garoto que um dia me fez amá-lo tanto. Ainda amo. Agora eu posso sair correndo carregando uma das minhas malas, pesadas, em direção ao único homem que eu quero amar.
Agora sim eu posso viver o amor. Amar não é pra quem quer, é pra quem pode. E eu finalmente posso. Eu finalmente aprendi. Obrigada garoto por me ensinar tanto, por me fazer aprender o essencial pra que eu pudesse viver a minha vida como eu sempre quis.
As cicatrizes do que vivemos estão tatuadas na minha alma, intrínsecas em quem sou. Uma parte sua sempre estará em mim, a carregarei comigo sempre por mais pesada que seja, farei questão de manter sempre comigo. Sem você, não seria nem metade do que sou. Eu espero que eu tenha te ensinado coisas também, sei que ensinei, um dia talvez quem sabe, você perceba.
Eu e minha mania de sempre te impor coisas, te ensinei a me amar. Na verdade, aprendemos, juntos. Sempre juntos, como sempre fizemos. Uma boa dupla formamos em qualquer coisa que quisermos.
Desculpa por todas as vezes que te causei qualquer tipo de mal, algumas foi intencional, não nego, outras não. Desculpa por todas elas. De verdade.
Eu falaria mais, mas agora eu tenho que ir. Ele está me esperando. Te falei dele, não falei? É aquele cara ali ó, aquele segurando uma das minhas malas. Sabia que ele me disse que me ajuda a carregar todas as malas que eu tiver? Eu nem acreditei quando ele disse, você sabe, não é o tipo de coisa que você faria, nem qualquer cara que eu tenha conhecido. Na verdade duvido que existam homens que ainda façam isso, mas ele, ele faz.
Eu te abraçaria, te daria um beijo na bochecha e sentiria seu cheiro pela última vez, mas minhas mãos estão realmente ocupadas, não vai dar. Fica pra próxima, algum dia, quem sabe.
Eu tenho realmente que ir. Ele está me esperando. A gente se esbarra por ai, não se esbarra?
Antes que ele fosse capaz de me responder eu sigo em frente sem olhar pra trás. Não tenho motivos pra olhar pra trás. Até porque com tanta bagagem, se eu fizer isso sei que posso tropeçar, e eu não quero tropeçar, porque ai eu posso cair e cair com algo tão bonito me esperando não dá. Não tenho motivos pra olhar pra trás, tudo o que eu quero, está bem ali na minha frente, apenas a 10 passos de distância.

domingo, 27 de novembro de 2011

O... Amódio?!

Um dia o amor disse pro ódio: Por que me odeias tanto?
E o ódio respondeu: Porque um dia te amei demais


Tem gente que acha que isso não é verdade. É aquela onda, só passando pra saber como é. EU passei por isso e sei exatamente como é. É o que eu estou sentindo agora pra dizer a verdade. É engraçado pensar em como o mundo gira. Num dia você ama uma pessoa mais do que tudo, ela é praticamente a sua razão de viver e de fazer tudo e no outro, você a odeia e despreza e eu sinceramente fico a pensar o que é pior, se o ódio ou o desprezo ou se eles simplesmente se complementam, se são intrínsecos.
Ou se eles são apenas uma forma de camuflar algo mais. O desprezo e o descaso se fingidos, o que representariam?! Certamente não o que são. O amor indesejado é o sentimento mais corrosivo que tem. Porque você não sabe o que fazer com ele, então você o modifica, modifica até ele se tornar um veneno altamente corrosivo. Pra você e pra quem tal “amor” seja direcionado. É algo que me parece um caminho sem volta. O que se destruiu nunca mais será o mesmo, porque nada pode voltar a ser como era antes, nada. E se fosse bom o suficiente antes, não teria acontecido de se desejar o “voltar atrás” porque o que aconteceu foi uma conseqüência do “bom” utópico de antes.
Sentimentos são coisas engraçadas. Ao mesmo tempo que são, não são. Acabam sendo iguais na diferença, diferentes na igualdade e na singularidade falsa, não existente. Se fosse realmente único, como haveria nós de nomeá-los?!
Talvez o amor e tudo envolta em torno dele seja as lendas, mitos, o que for, dos adultos. Assim como o papai Noel, a fada do dente, o coelhinho da páscoa entre outros pras crianças.
Não me parece tão diferente assim do papai Noel de fato. O amor é algo que sempre ouvimos todos falarem de forma tão bonita e animada e bela, pois ele só é feio na ausência. Assim como o papai Noel só não é legal se ele não vier nos presentear ano após ano. Só que, tem gente que o papai Noel passa na “casa” todos os anos, outros, ano sim, ano não, outros que nunca sequer saborearam essa felicidade, sempre ficou como uma história inverídica.
Creio que assim seja o amor. Existem pessoas que dizem conhecê-lo todos os anos, ano após ano lá está a pessoa que sempre tem alguém pra amar e chamar de amor, outros que conheceram ou vão conhecer, outros que isso não passa de uma ilusão, história pra adulto dormir.
Afinal, existem aqueles que são felizes mesmo após descobrirem que papai Noel não existe. Outros que ficam desnorteados, tristes ao saberem que não ganharam mais o presente tão certo de fim de ano e outros, que acreditarão pela vida inteira, mesmo depois de grandes que papai Noel existe e talvez eles não sejam loucos, ou sonhadores, talvez papai Noel sempre esteve lá por eles e sempre estará. Quem somos nós afinal pra decidir na casa de quem papai Noel irá passar?!

PS: que fique claro que me refiro ao amor “romântico” e não fraternal e etc.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

É incondicional


Já escrevi tanto sobre caras altamente dispensáveis na minha vida e nesses dias me dei conta que nunca escrevi uma linha sequer sobre quem eu sei que permanecerá a minha vida toda.
É engraçado porque eu escrevia quando estava triste, e quando eu estava triste, era por causa deles, nunca, jamais foi e nem seria por sua causa. Você não é esse tipo de cara.
Não. Você não é.
Você é diferente de todos eles. Você é especial. Você é o MEU especial. Você é a certeza que eu carregarei por toda a minha vida. Você é aquele que eu sei que nunca me trocará por ninguém. E eu nunca te trocarei por ninguém.
Você é aquele que não é o meu motivo central, nunca me traz preocupação. Você é sempre aquele que me traz a paz. Aquele que me acalma. Você é o meu porto-seguro. Você é quem me faz continuar, quem me faz não desistir.
E desistir de você eu não conseguiria nunca. É impossível.
Você é sempre aquele que fica na sua, que não chama muita atenção, que não causa drama a ninguém, nunca faz drama por nada, é sempre aquele equilibrado, o certo. Você é o tipo de cara que as meninas sonham, sonham em casar.
Tanta gente desejaria estar no meu lugar, EU SEI, reconheço toda a sorte que eu tenho por ter a melhor pessoa que eu já conheci, na minha vida. E não é a toa que somos tão importantes um pra o outro.
Somos diferentes, mas você me completa. Você tem tudo aquilo que eu não tenho e nunca terei e eu a mesma coisa. Somos opostos complementares e sei que não acredita, mas o zodíaco diz a mesma coisa. Você é de gêmeos e eu de sagitário e somos opostos complementares. Engraçado não? Mas comigo isso sempre da certo, já acostumei. Com você não poderia ser diferente. É claro, nítido, palpável pra qualquer pessoa o relacionamento que temos.

É o relacionamento que todo mundo sonha em ter. Eu não te cobro nada, nem você a mim, você está sempre na minha mente, em meu coração e sabe que seu lugar NINGUÉM JAMAIS ocupará, você é a minha estrela da sorte. Você é o meu menininho que eu amo abraçar, sentir o cheiro, bagunçar o cabelo, até mesmo xingar e falar mal na sua cara, desdenhar (mas como dizem, quem desdenha quer comprar), que eu amo simplesmente ficar olhando pra você admirando tudo aquilo que eu vejo (você sabe que não é pouca coisa).
Seu sorriso de menino que é tão sincero, seus olhos castanhos que brilham quando eu vejo você olhando pra mim, seu abraço caloroso e tudo aquilo que eu sei que ninguém tira de mim, jamais tirará.
Não precisamos nos provar NADA. Tudo aquilo que você faz por mim, você faz porque você quer, porque você se importa comigo e a mesma coisa eu com você. Não preciso falar com você todos os dias, não preciso dizer que te amo sempre, você SABE. Simplesmente sabe. Mesmo não tendo minhas habilidades eu sei que você vê nos meus olhos o quanto eu te amo e não é pouco não.
Se eu fosse escolher uma palavra pra você, eu escolheria Amor. É pequena, é simples, é o complicado, é o que poucas pessoas sortudas possuem, é o que só quem tem sabe o real valor, é a minha razão de viver, é o que todos buscam ter e não terão.
Eu já tive muitos relacionamentos com muitas pessoas. Relacionamentos diversos com pessoas diversas e mesmo tendo muita coisa pra viver ainda, eu sei que o NOSSO relacionamento é o que as pessoas buscarão a vida toda em ter e muitas não chegarão nem perto disso.
É o incondicional.
Não preciso dizer muito mais.
Eu te amo meu amor, meu amigo, meu irmão, meu companheiro, meu chatinho, meu colega (infelizmente em breve ex), meu porto-seguro.
Te amo hoje e pra sempre.

O meu passado

Cansei. Dizem por ai que um dia a gente cansa não é mesmo? Pois bem, cansei. Cansei de cansar de você. Eu nunca imaginei que fosse possível me sentir assim em relação a você. Nunca imaginei que fosse possível te olhar e não ter nenhuma sensação mais... Como dizer? Apaixonada? Talvez.
Eu amei você. Amo. Acredito que amor não se conjuga no passado. Mas pela primeira vez eu consigo olhar pra você e não pensar nas possibilidades que perdemos, nas possibilidades que poderíamos ser.
Não foi por pouca coisa que passamos. Com você, eu tive milhares de relacionamentos dentro de um só. Você e sua doença de personalidade múltipla me fizeram ter algo único, algo que poucas pessoas podem dizer que tiveram. Eu tive em você vários amantes, vários amores. Em você eu amei vários, amei todas as suas personalidades confusas, irritantes, apaixonantes. Amei até mesmo quando não queria amar. Amei até mesmo os seus defeitos que me incomodavam mais do que qualquer outra coisa.
E eu odiei você. Odiei você com todas as minhas forças. Tudo aquilo que fez, disse, não fez e não disse. Odiei você por ser. Odiei você por também não ser.
Amando ou odiando foi intenso. Foi real. Foi verdadeiro. E nada daquela frase que tanto me irrita “foi eterno enquanto durou”. Nada disso. Com a gente nunca nada foi eterno. Sempre foi o hoje, o agora. O passado.
Nunca, jamais, o futuro. Ou era o passado, ou era o presente. Nunca existiu futuro pra gente. E certos somos nós porque na verdade o amanhã nunca chega, não é mesmo?
O tempo passou que nós malmente percebemos. Eu olho pra você e vejo o mesmo garoto que eu conheci e me apaixonei anos atrás. Você olha pra mim e vê a mesma menininha. Talvez esse fosse o nosso problema. Nos olhar e ver que éramos os mesmos, que nada tinha mudado. Só que, acho, não, não, tenho certeza de que vejo agora o quanto somos diferentes. Eu e você.
Antigamente eu olhava pra você e percebia suas mudanças e elas sempre machucavam, nunca eram mudanças que me agradavam. Só que hoje... Não sei. Acabou.
Se eu te disser que eu vou passar por você na rua e será a mesma coisa que um estranho, estarei mentindo. Você nunca será um qualquer pra mim. Porém tão pouco é o que era.
Passei tanto tempo chorando, pensando, refletindo, escrevendo sobre esse amor que eu sentia por você e valeu a pena. Trouxe-me ótimos frutos como, por exemplo, um livro meu que tenho certeza que algum dia, quando eu o terminar e publicar, será um Best Seller. Um livro que só comecei por sua causa, você, minha maior inspiração. Sempre.
Hoje eu finalmente descobri quem foi o meu primeiro amor, e foi você. O primeiro. Tive várias paixões antes, mas amor, nunca, só você. Você me deu, mesmo que não saiba, o que de melhor poderia me dar, um romance digno de literatura.
Tudo o que passamos, vivemos, sentimos, falamos, é PERFEITO pra um livro. Nossa história tem tudo o que um bom livro de romance tem que ter e nós escrevemos ele juntos. Com toda as nossas duvidas, questionamentos, confianças e desconfianças. Juntos. Sempre juntos.
Jamais conseguimos passar muito tempo um longe do outro, nós sempre voltamos. Você seguia em frente, novas namoradas, novos amores, porém sempre voltava, eu sempre estava na sua vida, você sempre na minha. Nunca conseguimos sair da vida um do outro de vez e não sei se algum dia conseguiremos.
E não importa.
Hoje eu não me incomodo mais de saber com que garota você ficou ou deixou de ficar, ou qual delas você quer ficar. Nem mesmo se uma delas for uma das minhas melhores amigas. Simplesmente... Sei lá. Passou. E eu não lutei pra isso acontecer. Só aconteceu.
Nada mais de sonhar com você. Nada mais de coração disparando quando você fala comigo. Nada mais de sentir vontade de te beijar. Nada mais de sentir vontade de te abraçar. Nada mais de sentir vontade de nada com você.
Quando eu digo nada, é nada mesmo. Nesses termos, você se tornou pra mim o que você sempre desejou que fosse. Que eu te tratasse, te visse, como eu sempre vi todos os demais e é assim que eu te vejo hoje.
Mas garoto, tenha certeza de uma coisa, eu te amei, eu te amei como nunca amei ninguém, eu te amei como duvido que eu vá amar alguém. Com você eu desejei tudo o que eu pude e não pude. Com você eu sonhei ter as mais belas coisas. E também as mais horríveis. Com você eu vivi todos os contos de fada. Todas as lendas urbanas. Todo o folclore. Com você eu fui tudo. Com você eu fui nada.
E hoje eu sorrio, porque nada disso me importa mais, nada disso me faz sofrer, nada disso me traz lagrimas, não de tristeza ao menos, de saudade? Não sei, pode ser.
Você sempre teve pra mim o melhor cheiro do mundo, o melhor abraço do mundo, as palavras mais sábias do mundo, aquele que me reconfortava, aquele me fazia sentir em casa porque eu estava em casa, aquele que provocava no meu corpo os desejos mais loucos, absurdos e intensos. Você era pra mim o mais lindo desse mundo e principalmente o do MEU mundo. Você era o meu tudo. Minha razão pra qualquer coisa. Sem exagero e você sabe disso, no fundo, no fundo, você sabe. E principalmente... Você era MEU. O MEU garoto, o MEU amor, o MEU homem, o MEU colega, o MEU parceiro, o MEU tudo. MEU de corpo e alma. Aquele que mesmo com receio de se envolver demais com alguém, se abriu pra mim, mesmo com medo de que fosse embora no ano seguinte, você se abriu. Confiou em mim, eu confiei em você. Nunca fui tanto de alguém como fui sua. Nunca me entreguei tanto a alguém quanto a você. Nunca me permiti tanto quanto me permiti com você. O meu garoto, o meu menino, o meu homem. O meu... Hahahaha, acho que você sabe, não coloco aqui, pois ficaria obvio demais e você não gosta de se expor, não farei isso então. Na verdade, você sempre foi aquele que mexeu comigo mais do que qualquer outra coisa. Mais do que qualquer outra pessoa.
Obrigada garoto, por ter sido o meu garoto enquanto pode. Obrigada garoto, por ter me feito sua enquanto pode. Obrigada, obrigada e obrigada.
Acho que eu posso resumir o meu passado, os meus medos, os meus traumas, as minhas maiores felicidades em apenas um nome: no seu. Mas é isso ai...
Eu estou seguindo minha vida, você a sua. NÓS estamos seguindo a nossa vida. E eu acho que essa é a ultima vez que eu usarei esse pronome pra designar a nós dois.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Amigas são pra essas coisas


Estou com medo. De que? Não sei. Como assim não sabe? Não sei. Mas você tem que saber, se não souber, não posso ajudar. Acho que tenho medo porque nunca me senti assim antes. Assim como? Assim. Se você não falar, não posso ajudar. Desculpe, as palavras fugiram. Tudo bem, apenas tente. Ta. E? E o que? Como você se sente? Feliz. E desde quando felicidade traz medo? A mim traz, eu acho. Você é doida. É, eu sei. Só isso que vai dizer? E o que mais eu posso falar? Que tal me responder sem fazer uma pergunta? Você está fazendo a mesma coisa. Certo, paremos então. Ta. Ta. Não vai dizer mais nada? Estou esperando você falar. Eu não sei o que dizer. Nem eu. Hum. Dois. Não faz isso. Desculpe, mas não sei mesmo como lidar com isso se você não disser qual o problema. Acho que estou apaixonada. Sério? É. Mais que ótimo! Não. Não? Não. Como não? Não. Faz muito tempo que não vejo você assim. É, eu também. Isso é ótimo! Não é, eu não quero. Não acho que você possa escolher. Eu sei e odeio isso. Quem é o cara? Ele. Ele quem? Ele. Não ajudou, eu me perco nos seus ‘eles’. As vezes até eu me perco. Nome? Hum, posso pular a pergunta? Não. Droga. To esperando você me dizer o nome dele. Acho que não quero dizer o nome dele. Por que não? Porque vai tornar mais real. E não é real o suficiente pra você? Acho que ainda não. Ele sabe? Não sei, acho que sabe. Acha? Acho, eu falei pra ele, mas não sei se ele realmente entendeu. Homens. Pois é. E o que você vai fazer? O que eu posso fazer? Não sei, que tal ir atrás dele? Não corro atrás de homem, você sabe. Sei. Pois é. Mas você gosta dele. E? E que você gosta dele. Já gostei de outros antes. Já, e você correu atrás, lembra? Lembro. Então. Mas também lembro que quebrei minha cara. Verdade, mas você não pode viver com medo. Não, não posso. Então, vai atrás dele. Não posso. Logico que pode. Não, não posso. Ele é casado? Não. Tem namorada? Não. Então, qual o problema? Justamente esse, ele é disponível. Até onde eu saiba, isso não é problema. É pra mim. Por que é pra você? Porque eu sou eu, você sabe. Você como? Sou problemática. Normal, toda mulher é. Eu sou mais. Como você pode ser mais? Sou escritora. E? Isso me torna automática mais dramática do que qualquer outra. Verdade. Pois é. Mas então você vai ficar ai sentada sem fazer nada? Não. O que você vai fazer? Ainda não sei. Devia ir atrás dele. Tenho medo. Medo de que exatamente? De me envolver com ele a ponto de não querer mais perder. Isso todo mundo tem. Mas é pior pra mim. Por que é pior pra você? Porque ele me inspira. E? E, como assim ‘e’? E daí que ele te inspira? Não posso jogar minha inspiração ao vento, não posso deixar ele ir embora. Não lutar por ele não é deixar ele ir embora? Não. Não? Não. Hum. Se as coisas continuarem do jeito que estão, não haverá problemas. O medo então é de mudar? Por ai. Todo mundo tem. Comigo é pior. Por que você fica repetindo isso? Porque é a verdade. Dramática. Escritora. To começando a achar que da no mesmo. De fato, da mesmo. Mas e ai, o que você vai fazer? Se eu soubesse estaria dormindo e sonhando tranquilamente. Mas você fará algo? Devo? Não sei. É, nem eu. Situação complicada. Muita. Nunca vi você tão assim antes. Assim como? Assim. Define. Quem tem o dom com as palavras aqui é você, não eu. Não custa tentar. Menos garota, mais mulher. Isso é bom? Acho que sim. Que bom. É, acho que seu olhar mudou. Mudou? É. Mudou como? Tem um brilho diferente nele. Vai ver é a luz. Duvido que seja. Eu não. Para de lutar contra. Não consigo. Devia. Eu sei. Então pára. (silêncio). Eu o conheço? Não sei. Já me falou dele? Já. Muito ou pouco? Muito. Hum, me da mais pistas. Não. Ta, sua chata. Sorry baby. E agora? Não sei. Que olhar é esse? O de quem acaba de ter uma excelente ideia pra um texto. Sobre ele? Definitivamente. Nossa, pelo visto ele te inspira mesmo. Você nem faz ideia. Uau. Pois é, tchau, to indo. Vai embora agora? Vou escrever. Mas já? É, senão perco o raciocínio. Ta bom, va la, tchau. Tchau. Depois me mostra o texto? Claro. Mostrará pra ele? Não sei. Hum. Cada coisa a seu tempo. Ele tem sorte. Por que? Queria eu ser a musa de alguém. Não é uma relação fácil. Por que não? Sei lá. Hum. Tchau, tenho mesmo que ir. Ta bom, mas me mostra depois o texto. Mostro sim. Então tchau. Obrigada. De que? Por me ouvir. Que nada, amigas são pra essas coisas.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A verdade...

E ai as pessoas chegam pra mim e me perguntam por que eu não tenho namorado e eu paro e penso “por que todo mundo me pergunta isso? EU QUERIA TER UM NAMORADO” e sinceramente? Eu realmente queria.
Mas veja um problema... As pessoas hoje em dia se acostumaram a se relacionar com alguém sem gostar de verdade, sem respeitar e sem conversar. Acostumou-se a trair, a deixar pra lá os problemas de comunicação, o respeito pelas decisões das pessoas. Simplesmente deixaram pra lá as coisas mais importantes só pelo o que? Poder dizer “oi, eu tenho alguém e não estou sozinho”? E aí ficar pulando de um relacionamento a outro sem parar? Hã, não, obrigada, eu totalmente PASSO alguém assim.
Vê? Isso é um problema dos grandes pra mim.
Desculpe-me se eu não sei ser falsa, quer dizer, sei, eu sei interpretar qualquer papel que eu queira, modéstia a parte, sou uma ótima atriz, mas eu não QUERO, principalmente se for com você.
Desculpe-me se eu não sei brincar de amar. Quando eu escolher alguém pra dizer a todo mundo “Hei, esse é o MEU NAMORADO” vai ser alguém pra valer. Não no sentido de ficar pra sempre, de casar...
Não.
Nada disso.
Até porque eu nem quero me casar, então...
Será no sentido deu gostar dele de verdade. Pra valer. Só me relacionarei com alguém assim quando eu não tiver que ser racional, quando eu não conseguir ser racional, quando eu tiver certeza que podemos superar bobeiras do cotidiano, quando o sorriso dele for a coisa que salvará o meu dia mesmo que seja um dia dos infernos. Entende?
Eu sei que talvez seja esperar demais, mas eu não ligo. Estou feliz assim, mesmo. De verdade. Sou solteira, mas nunca estou sozinha. O que não me falta é pretendentes.
Caras legais que se importam mesmo comigo, mas nenhum que me tire da minha zona de conforto, que me faça perder o chão, que me faça passar o dia inteiro com um sorriso de retardada na cara só porque ele me ligou, ou porque sorriu pra mim.
Até hoje não encontrei nenhum que me deixasse com um brilho nos olhos. Nenhum que eu chegasse perto de achar que ele é perfeito, nenhum que me fizesse endeusá-lo. Nenhum.
Talvez eu seja realista demais, não sei.
Tudo o que eu sei, é que quando eu assumir um compromisso eu quero que seja pra valer. Quando eu escolher viver um romance, será algo digno de literatura. Algo menos que isso não seria eu.
O normal, ordinário, medíocre... Não me serve, não encaixa.
Enquanto meu Romeu, Mr. Darcy, Edward não aparece, vou vivendo minha vida assim, ta bom do jeito que está.
Por enquanto.

BY: Sabrina, PeRiGoSas

quarta-feira, 29 de junho de 2011

PeRiGoSas

Prólogo

Todo mundo mais cedo ou mais tarde terá um segredo. Um segredo do tipo que se descoberto, acaba com a vida das pessoas envolvidas nele. Esse tipo de segredo se compartilhado se torna responsável por fortalecer um relacionamento já fortalecido.
Mas até onde uma pessoa seria capaz de ir pra proteger um segredo? Será que realmente há um limite pra se proteger e proteger tudo aquilo que você ama?
Elas têm a resposta.








Capítulo 01

- Gostosas! – um grupo de rapazes entre seus 20 e poucos anos gritaram para as quatro garotas que passavam pela rua de braços dados cada uma carregando várias sacolas de loja de roupa.
Nenhuma delas virou o rosto para olhá-los. Elas já estavam mais do que acostumadas a esse tipo de coisa. E mesmo com o costume, elas não conseguiam evitar exibir um sorrisinho de gratificação e de certa forma agradecimento por tal elogio.
Há mulheres que considerariam tal palavra com ultraje e ficaria revoltada ‘como ousam?’ e esse tipo de coisa, só que certamente elas não eram esse tipo de mulher.
Elas sabiam reconhecer a um elogio e sabiam muito bem como recebê-lo. Estavam acostumadas as pessoas endeusarem elas, apenas algumas é claro, e outras as invejarem mais que tudo e outras simplesmente desejarem que elas realmente morressem.
Não que elas se importassem. Não se importavam.
Não seria errado dizer que elas até gostavam de certas inimizades porque isso agitava suas vidas. Constantemente elas eram ameaçadas de morte ou esse tipo de coisa por garotas que elas acabavam com a vida sem querer. Ou não.
Com a Perla entre elas era difícil de acreditar que elas poderiam fazer algo sem saber de todas as conseqüências ou algo impensado, impulsivo.
Perla Lavigne era a cabeça do grupo. Ela é a mais inteligente de todas elas, a aluna modelo, a CDF e também a mais equilibrada. Ela sempre calculava tudo com exatidão, bolava os planos que elas faziam, sabia todos os prós e contras e nunca estava despreparada para nada. Eu disse nada. Com ela sempre havia um plano na manga. Se não tivesse, ela acharia.
Embora não costumasse sorrir muito, tinha um sorriso perfeito. Um sorriso que cativaria muita gente se ela talvez usasse com maior freqüência. Só que no mundo dela, eles eram dispensáveis. Principalmente quando estava em casa, com seus pais.
Seus pais ao contrário dela eram dois desequilibrados obcecados por dinheiro e mais dinheiro. Ambos empresários sabe-se deus do quê extremamente bem sucedidos e ricos. Realmente muito ricos. Cada um tinha seu negocio e se já tinham muito dinheiro separados, imagine juntos. Quem ganhava mais era um constante debate entre eles dois o que fazia com que a Perla se afastasse deles cada vez mais.
Malmente ela os via e malmente queria saber deles. Eram seus pais, mas pra dizer a verdade ela não amava nenhum deles dois. Ambos eram fúteis, mesquinhos e egocêntricos e ah, egoístas também. Eles não amavam ela, isso era obvio e ela não ligava. Se fosse procurar amor, tinha suas amigas pra dar.
Tudo o que queria de seus pais e era grata por isso era o seu dinheiro ilimitado. Também era muito grata aos genes de sua mãe que lhe concedeu um corpo proporcional com curvas que ela preservava muito bem com a prática rotineira da academia. Já seu rosto era mais parecido com o de seu pai. Tinha puxado o mesmo tom de pele morena do dele, seus olhos verdes e é claro, seu cabelo liso ondulado. Sim, ela não tinha muito do que reclamar.
Até porque, graças a deus, seus pais só tinham ela de filha. Bom, ao menos sua mãe. Seu pai tinha um outro filho, um filho bastardo, fora do casamento, que ela só descobriu quando ele morreu.
As meninas continuaram a andar com sua confiança habitual olhando pras vitrines das lojas e todos que passavam por elas as olhavam. Todos as desejavam pelos mais diferentes motivos. Elas sorriam com graça e confiança, nelas mesmas e nas amigas que tinham.
É fácil deixar seu corpo cair para trás se você tiver certeza que tem algo ou alguém ali pra te segurar e você não cair.
Era assim com elas. Confiança era a palavra-chave num relacionamento e no delas era ainda mais importante.
Elas não eram quatro garotas comuns. De comuns elas não possuíam absolutamente nada. Talvez somente sua aparência bonitinha e arrumadinha. Só isso e mais nada.
Os problemas que elas tinham nada tinham a ver com adolescentes normais. Elas não tinham problemas em manter a sua aparência, seu corpo, suas roupas, nem problemas com os garotos.
O dinheiro que elas tinham, principalmente o que a Perla tinha, facilitava a vida delas. A Perla tinha tanto dinheiro, mais tanto dinheiro que nem sabia como gastar tudo aquilo sozinha e dividia com a maior felicidade do mundo com suas amigas fazendo um dia terapêutico de compras como esse.
Oh sim, passar o dia inteirinho na rua batendo perna entre lojas e mais lojas era o remédio preferido delas para curar qualquer coisa. E elas realmente estavam precisando.
Na noite anterior, tinham se reunido as quatro, exatamente à meia-noite no meio da floresta perto da casa da Perla para enterrar uma caixinha que tinha feito juntas.
Na caixa constava nada menos que seus piores segredos. Os segredos que poderiam acabar com a vida não só delas, como de muitas outras pessoas. Segredos que mudavam, que podiam mudar, a vida de uma pessoa.
Elas não sentiam-se no direito de acabar com aquelas provas, com aqueles segredos, mas era o trabalho delas protegê-los. Era isso que elas faziam.
Elas deveriam proteger todo e qualquer segredo que caísse em suas mãos até chegar a hora certo de usá-los. E sempre quem determinava isso era a Perla.
Geralmente quem descobria os segredos alheios era a Rina ou a Goy. A Rina por ser a mais popular delas e a Goy por ser altamente perceptiva.
- Será que a loirinha tem telefone? – um rapaz de aparência razoável perguntou olhando diretamente nos olhos da Rina.
Ela olhou para ele e sorriu. Sim, ela gostava do que ela via. Por um instante ela olhou ele de cima abaixo avaliando e sabia que suas amigas estariam fazendo o mesmo e indicariam o que acharam dele logo, logo fizessem a avaliação. Na dela, ele poderia tirar um oito.
Sim, ele era um oito.
Ele era um pouco mais alto que ela, usava um jeans sem marca, tênis Nike, uma camiseta preta regata também sem marca alguma com um casaco preto. Ele sabia se vestir e combinar, mas também dava logo pra sacar que dinheiro ele não tinha. Mas ele era bonitinho. Tinha um rostinho de bebê e seu cabelo era liso e curto, também era possível ver duas argolas penduradas na orelha dele. Usava também uma corrente que devia ser prata no pescoço combinada a um boné de pala reta com um símbolo “DC” nele.
- Ter ela tem, mas não dará pra você. Agora sai da nossa frente. – a Goy disse com sua voz fofinha de menina.
Ela tinha uma mania de fazer isso. Usar palavras duras com uma voz doce e palavras doces com uma voz dura. Isso confundia uma pessoa com as reais intenções dela.
A Goy pode-se dizer que é o olho do grupo. De todas, a mais perceptiva. Nada, absolutamente nada escapava de seu olhar. Sabia ler as pessoas extremamente bem, sabia ler nas entrelinhas. Constantemente ela flagrava as pessoas se contradizendo através da linguagem corporal. Sua aparência costumava enganar as pessoas. Possuía um rosto doce, amigável, gentil e embora ela fosse quando quisesse, poderia ser fatal. Ao contrário de suas amigas, seu cabelo era liso escorrido e quase brancos de tão loiros. Apesar dos seus incríveis olhos esmeraldas virem e perceberem tudo, ninguém sabia ao certo o que se passava com ela.
- E você é o quê, a voz dela? – o garoto perguntou em claro desafio.
Pobre homem, não sabia com quem estava se metendo, se soubesse, talvez nem tivesse olhado diretamente pra elas. Seria esperto e ignoraria a Rina por mais bonita que ele a achasse.
A Goy abriu a boca para falar algo, mas a Rina a segurou.
- Goy, não! Deixa comigo. – a Rina falou olhando pra Goy e pras outras. A mensagem era clara. Ela se soltou das outras e segurando suas sacolas caminhou até o cara estranho.
Ela andou até se afastar o suficiente de suas amigas para que elas não a escutassem. Ele a seguiu. Assim que estavam um em frente ao outro ele sorriu pra ela.
Ela não sorriu de volta.
- Você não é pra mim. – ela disse com calma. Ele franziu o cenho e esperou que ela falasse mais. – Mas eu gostei de você, não sei o porquê disso.
- Isso significa que me dará seu telefone e vamos poder marcar um lance? – ele perguntou animado.
Ela sorriu.
- Não. Nada do meu telefone, ele não é pra qualquer um, mas poderemos sair sim.
- Beleza! – ela comemorou abrindo um sorriso ainda maior.
- SE... Somente se, ninguém souber.
- Claro, claro. Onde passo pra te pegar?
- Oh não. Relaxe, eu encontro você e marco alguma coisa.
- Mas como você...? – ela o interrompeu.
- EU encontro você. Não se preocupe.
- Pode me dizer ao menos seu nome?
- Rina.
- Rina? Você quer dizer, Rina Bass? – ele parecia surpreso.
- Olha, você me conhece. – ela sorriu.
- Sim, eu trabalho pro seu pai! Meu nome é Murilo, Murilo Nogueira. – sua voz era de pura animação.
- Hum, legal Murilo, pegando a filha do chefe, huh? Que sortudo. Mas esquece, eu não vou namorar com você. Agora eu tenho que ir, minhas amigas estão me esperando. Quando EU quiser, eu te procuro. – sua voz demonstrava o quanto ela se importava com tudo isso. E suas palavras também. Ela deu uma piscadinha em flerte pra ele e voltou pras garotas que estavam em frente a uma loja de acessórios.
- Você demorou, decidiu sair com o senhor pobretão foi? – a Sabrina disse rindo.
De todas as quatro talvez a Sabrina fosse quem ligava menos pra dinheiro e status. Incrivelmente ela é quem mais tinha dinheiro delas. Talvez fosse por isso que não ligava. O engraçado é que por um acaso sempre que se interessava por algum cara, ele tinha dinheiro. Sempre.
A Sabrina era o espírito do grupo. De todas ela era a mais alegre, a mais otimista e sua visão de mundo e das coisas era sempre além. Sempre tinha alguma idéia mirabolante e progressiva, ousada e que por mais maluca que fosse, tinha sentido, tinha fundamento, dava certo. Era assim que as coisas eram pra ela. Nada nunca dava errado. O grupo em si não tinha uma líder, mas quem via de fora, poderia dizer que ela era. Ela sempre unia as outras sejam em situações boas, seja em situações ruins. Seja lá o que fosse, era ela que as metia.
A Sabrina parecia mais velha do que realmente era. Seu bom humor e seus sorrisos, além é claro, do seu corpo muito bem provido de curvas, fazia os homens correrem e muito atrás dela. Ela chamava mais atenção do que as outras de certa forma. Sem querer ofender, tinha um corpo típico de mulheres que apareciam em filmes pornôs e revistas do tipo. Sua pele era clara, seu cabelo e seus olhos eram castanhos escuros, um pouco abaixo da cintura e ondulados. Seus olhos escuros sempre carregados de uma maquiagem escura só realçava o seu olhar forte.
- Não sei, vou pensar. Talvez quando eu quiser me misturar eu o procure. Pode ser útil. – todas deram risada e ela deu de ombros.
A verdade era que tinha sim se interessado pelo Murilo. Ele era ligeiramente diferente do que estava habituada e ela gostava de variar.
- Tá ficando tarde, essa vai ser nossa ultima loja, então? Meus pais querem que eu volte cedo hoje. – a Goy disse com um suspiro profundo. Era a única delas que se sentia em alguma espécie de responsabilidade com a família.
Não porque ela quisesse e porque gostasse deles, ela também não gostava, nenhuma delas tinha uma relação muito boa com seus parentes, só que a Goy se não respondesse e obedecesse a eles, teria que lidar com grandes conseqüências nada agradáveis.
- Seus pais? Sério? – elas falaram em uníssono. Nenhuma delas gostava da forma restrita com que se viam fora da escola por causa dos pais da Goy.
Elas não gostavam de sair em dupla, ou em trio, somente quando extremamente necessário. E essa dependência que a Goy tinha dos pais empatava em muita coisa. Era por isso que recentemente elas pensavam seriamente na idéia de morarem juntas. Todas elas já tinha 18 anos, menos a Goy. Que faria em breve.
- Desculpe meninas, eu terei mesmo que ir. – o celular dela deu um bip. Ela olhou pro visor e fez uma cara de chateada. – Deixa pra lá, não dá nem pra essa ultima loja. Minha mãe me quer em casa agora. Disse que vai sair, tenho que ir tomar conta do meu irmão.
- Então também iremos pra casa. Não sairemos sem você. – a Sabrina disse e é obvio que todas as outras concordaram mesmo que não quisessem. Era assim que as coisas eram entre elas. Solidariedade sempre. União? Definitivamente sempre.
- Sinto muito. – a Goy disse incomodada. Ela não gostava dessa dependência que tinha dos pais e como eles a tratavam. Pra dizer a verdade ela não via a hora de terminar a escola, fazer seus 18 anos e ir pra faculdade.
- Não esquenta. Temos o suficiente pra nos divertirmos mais tarde. Combinado na minha casa então né? – a Sabrina perguntou sorrindo.
Não era preciso. Nenhuma delas faltaria a noite do pijama que elas faziam todos os sábados numa espécie de rodízio. Tirando a casa da Goy, os pais dela sabiam mesmo encher o saco.
- Claro! – todas as outras responderam em uníssono.
Mal sabiam elas que os planos não sairiam exatamente como elas queriam.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ovelha Negra

Capitulo 28

Eu não entendi ao certo porque tanto espanto. Casais conversavam né? Era assim que namoros funcionavam, não é? A base de conversa.
Era isso o que eu pensava de todos os casais, mas pelo visto eu estava errada. No mínimo errada sobre o Auguste e a Jeniffer ao menos.
“O quê que tem eles conversarem?” perguntei. Era melhor do que ficar ali fingindo estar a par de algo que eu não estava.
“Que eles não fazem isso. Sabe aquele tipo de relacionamento estranho que se baseia apenas em pegação? Eles até se gostam um pouco, mas sei lá. Juntos por conveniência, isso é só. Ou no caso da Jen, insegurança de ir atrás de quem ela gosta de verdade” a Felipa me explicou com o mesmo ar de entediada.
“Ah” que estranho.
Pelo visto o relacionamento desses dois não tinha nada de convencional. Nadinha.
A Jeniffer suspirou e seus olhos começaram a lacrimejar. Eu pisquei sem entender como de repente ela tinha começado a chorar assim.
Era um choro silencioso e seu rosto perfeito estava todo vermelho.
As três outras garotas se juntaram a mim e tocaram na mão dela também ou em qualquer parte que estivesse ao alcance.
Nenhuma delas disse nada.
A Felipa segurava a mão dela como eu. A Aline estava agora em pé atrás da Jen passando a mão em seus cabelos e a Trisha enxugando as lágrimas que caiam no rosto dela.
Eu não vou negar que eu estranhei que alguém tão má como a Trisha estivesse realmente com aquele olhar de preocupação. E outra coisa. Todas elas estavam.
Eu me senti meio mal. Que motivo levaria a Jen chorar desse jeito? Não poderia ser por causa desse pequeno conflito entre ela e seus casos amorosos não é? A conversa com o Auguste tinha sido tão ruim assim? Ela tinha ficado assim depois de mencionar a conversa.
Mas ele tinha me dito ontem e ao Daniel que estava tudo bem e resolvido entre eles. Eles tinham se falado depois daquilo? Tinha tido outra conversa?
“Não é tão f-fácil quanto pa-parece, s-sabe?”a Jen disse entre soluços. “Ser O C-CASAL. É difícil manter, é difícil aturar tudo isso. E principalmente... E principalmente... E principalmente” ela não terminou.
“Seus pais?” a Trisha perguntou olhando séria pra ela. A Jen apenas assentiu com a cabeça. “Certo. A gente entende” a Trisha pareceu que queria dizer algo, mas fechou a boca e me olhou carrancuda.
Eu não era bem-vinda por ela. Eu estava ali de intrusa. Eu não era amiga delas, eu não era parte delas. A realidade tinha me atingido com um balde de água fria.
Outsider. Era isso que eu era, não teria palavra melhor. Logicamente que seria a Trisha a me lembrar disso.
“Tem algo que a gente possa fazer?” resolvi que o melhor seria me concentrar na Jen e ignorar a Trisha.
Talvez ela fosse uma daquelas garotas que não tem jeito.
“O Auguste disse que me ama” foi a resposta da Jeniffer. As meninas ficaram ainda mais surpresas do que quando viram que eles conversaram.
“E você?” a Aline perguntou.
A Jeniffer passou a mão no rosto enxugando as lágrimas e parecia melhor quando decidiu falar.
“O que você acha? Eu respondi que o amo também. Não é mentira, sabe. Eu amo o Auguste. Só que não... Dessa forma. Ele me disse que não queria que a gente terminasse, que nós éramos O casal da escola e gostaria que continuasse assim. Que não queria que nada atrapalhasse e que estava só curioso sobre... Bem, sobre você” ela olhou pra mim.
Então era isso que o Auguste queria comigo? Nada? Tudo o que tínhamos passado não significava NADA pra ele?
“Curioso sobre mim? Por que ele faria isso?” franzi o cenho.
“Vamos lá senhora espertinha. Você é a única na escola inteira que tem um quarto próprio. Ninguém aqui tem isso, nem mesmo o líder da Aristos. Somente alguns professores possuem, os mais antigos. No entanto você tem. E você acabou de chegar. É uma NOVATA” Trisha, é claro.
Sempre Trisha.
“Certo. Eu acho. Olha, não tem nada de especial sobre mim. Sei tanto quanto vocês. Meu pai escolheu essa escola, aceitei vir pra cá. Como vocês devem saber, não se tem escolha enquanto se é menor de idade. Cheguei aqui, me deram aquele quarto. Disseram que era o único vago” dei de ombros.
“Não precisa falar assim. Acreditamos em você” a Felipa me disse sorrindo. A Trisha ia abrir a boca e provavelmente destilar mais do seu veneno, mas apenas se calou com o olhar da Felipa.
“Ótimo. Porque é a verdade. Não sei porque me deram aquele quarto” dei de ombros.
“Já achou quem roubou o seu anel?” eu pisquei duas vezes.
Elas sabiam disso? Uma pergunta melhor, era possível que elas não soubessem de algo? Aquelas meninas pareciam saber de tudo. Era meio assustador.
“Vocês sabem disso?” elas simplesmente riram, até a Jeniffer.
“Nós sabemos de tudo, Catarina. Tudo” será que sabiam sobre o que tinha rolado entre eu e o Auguste? Não. Não podiam saber.
Acho que a Jeniffer não estaria do jeito que está se tivesse.
“Não achei. Acho que alguém entrou no meu quarto e pegou” na verdade essa era a idéia do Dan, mas mesmo assim.
“Não tenha dúvida. Alguém fez isso. O anel não é pra qualquer um, parabéns por tê-lo recebido a propósito” eu decidi que delas a quem eu mais gostava era da Felipa.
Ela podia parecer entediada e alheia aos fatos, mas ela não era. Delas todas, ela parecia a mais legal, a mais simpática.
“Obrigada, eu acho” não é como se eu tivesse feito nada.
“Não fique assim, ninguém ganha ele sem muito esforço, sem merecer. Você deve ser uma excelente aluna pra ganhá-lo tão rápido assim” bom, é, eu tinha notas boas.
“Nada impossível” dei de ombros. Eu não gostava de falar das minhas notas. Isso só me tornava ainda mais esquisita aos olhos das outras pessoas. Eu era boa e entendia tudo muito rápido e minha memória fotográfica só facilitava isso, mas me impedia de uma vida social satisfatória.
Um celular começou a tocar. Era o da Felipa.
“Alarme, temos que ir. Ainda temos que trocar de roupa e pegar nossas mochilas. Nos vemos mais tarde, Catarina. Foi bom conhecer você de fato” ela disse sorrindo pra mim.
Todas as outras sorriram pra mim também, inclusive a Trisha. Elas foram se retirando, a Aline ainda do lado da Jeniffer falando algo com ela e a Felipa distraída pra variar mexendo no seu celular.
A Trisha pareceu esperar elas irem e ficou pra trás um pouco.
“Só uma coisinha: não é porque a Jeniffer é aberta sobre a vida dela e porque ela foi com a sua cara e deixamos você partilhar um momento de fraqueza dela e porque você talvez tenha nos visto, que significa que você é parte de nós. Você não é. Não sei o que você esconde, mas você esconde algo e eu vou descobrir. E faça um favor a você mesma, não fique com o Auguste Saint Clair, pro seu próprio bem” eu fiquei sem reação com a ultima frase.
ELAS SABIAM!
“Não, as meninas não sabem, não contei pra elas. Elas contariam pra Jen. Não achei saudável. Fique fora da vida dela, ok? Ela já sofre demais, não precisa de alguém que não tem o que fazer e vida própria bagunçando com a vida dela. Acredite, eu garantirei pessoalmente que nada a faça sofrer mais. Então... Fique esperta novata. Fique esperta” a Trisha sorriu com a cara mais amável do mundo.
Como ela conseguia isso? Num instante praticamente ameaça acabar com a minha raça e no segundo seguinte está me olhando e sorrindo como se eu fosse BFF dela? ASSUSTADOR! MUITO!
Agora eu entendia o que o Dan quis dizer sobre sobreviver aqui no CSP.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Obstáculos de uma amizade

A memória mais antiga que eu tenho é de quando eu tinha 4 anos. Eu estava na escola e era o meu primeiro dia de aula, eu tinha chegado 3 meses depois das aulas começarem. E foi justamente nesse dia que eu conheci a Lisa, a minha melhor amiga. Enquanto todas as outras crianças me olhavam estranho e se afastavam de mim, ela veio e se sentou comigo. Abriu um sorriso contagiante e disse um “Oi”.
Eu era muito tímida e apenas sorri de volta e baixei a cabeça. A professora então me apresentou pra toda a turma que continuava a me rejeitar. Não importava o que os professores fizessem, todos sempre me rejeitavam, todos menos a Lisa. Eu era a garota nova, a estranha, a que não pertencia ao grupo deles. Devia ter umas 20 crianças naquela sala. E não muito surpreendente Lisa era a garota que todo mundo mais gostava.
E por alguma razão, a pessoa que a Lisa mais gostava, era eu. Ela passou a fazer tudo comigo, daquele dia em diante, dividíamos o lanche, os brinquedos, ajudávamos as outras nos deveres. Não demorou muito a passarmos a freqüentarmos a casa uma da outra, nossos pais se conheceram. Viagem com a família, ela com a minha pra Italia, eu com a dela pros EUA e tantas outras coisas que marcaram a nossa amizade através dos anos.
Só que, logicamente nós tivemos nossos problemas como todas as amizades tem, e o que diferencia isso, é como a gente lida com a situação. Só que infelizmente nem toda a situação pode ser resolvida. Existem coisas que são imperdoáveis pra uma melhor amiga fazer.
E eu fiz. Eu fiz e o mais doido nisso é que não consigo me sentir culpada nem nada. Eu não sei se eu faria de novo se pudesse, mas não me arrependo de ter feito.
“Vocês não vão mesmo se falar?” o Lucas me perguntou parecendo me avaliar enquanto eu observava a Lisa de longe. Pode-se dizer que ele é o motivo de toda confusão, mas eu não direi isso, porque não acho que seja a verdade.
“Eu acho que acabou, Luke” sorri pra ele e dei de ombros jogando o cigarro no chão e amassando com o pé. “Tudo acaba. É assim que o mundo funciona” e pode parecer fria a minha atitude de não ligar tanto. Só... Não sei. Parece mais fácil assim.
“Eu não posso deixar vocês duas estragarem tudo por mim, quer dizer... Beth, vocês são inseparáveis” e eu dei uma risada tão fria que gelou a mim mesma e ao Luke também. Ele franziu o cenho e me olhou tão receoso e cheio de medo que eu podia entender o que ele queria dizer com aquilo e eu até concordava. Eu não era mais eu.
“Não foi por você, Luke. Não se ache tanto” eu dei-lhe um soco no seu braço e ele me puxou pra ele me dando um forte abraço.
“Eu amo você. Você sabe disso, não sabe?” e eu sabia. Mais do que qualquer outra coisa no mundo, eu tinha certeza do amor do Luke por mim. E o preço que eu tive que pagar por essa felicidade tinha sido a minha mais cara amizade.
“Eu também te amo” abracei-o ainda mais forte apertando meu corpo contra o dele e deixando o cheiro dele invadir os meus sentidos. Nada mais importava. Nada mais devia importar.
Eu não resisti de não abrir os olhos e dar mais uma espiada na Lisa. Agora era ela quem nos observava com claro ódio. E ela tinha razão por me odiar. Afinal, eu tinha ido embora por cinco anos, cinco anos que nos vimos e nos falamos, e quando volto, eu roubo o namorado dela. O cara que ela vivia dizendo que era o amor da vida dela, que ela queria se casar, e que nada no mundo os separaria jamais. Eu, logo eu, dentre todas as pessoas sabia da importância que o Lucas tinha pra ela. Logo eu, dentre todas as pessoas, o tirei dela. E logo eu, não sentia culpa por fazê-lo.
“Ei, deixa ela lá. Não fica encarando” ele me repreendeu quando me viu olhando pra ela. Isso tinha virado uma espécie de ritual. Todos os dias, enquanto esperávamos o ônibus pra voltarmos pra casa, estava a Lisa distante da gente nos olhando e eu olhando pra ela e ele sempre dizia a mesma coisa.
“Você a ama?” era uma pergunta que eu nunca tinha feito com medo da resposta porque eu já sabia a resposta afinal de contas. Eles tinham ficado juntos por quatro anos inteiros, eram O CASAL da escola. A maioria das pessoas os consideravam casados já.
“Amo” ele confirmou e não disse mais nada. Nenhuma daquelas frases clichês reconfortantes “Mas eu amo você mais” nada disso. E ele não o faria. No final das contas, eu não precisava delas, porque eu sabia disso, eu podia ver nos olhos dele que ele me amava e a amava, só que de formas distintas. Muito distintas. “Ela vai ficar bem, ela é forte” ele pareceu falar isso mais pra ele do que pra mim.
“Não. Ela não é forte, mas ficará bem. Mais amada que a Lisa é meio difícil” suspirei. Ela sempre me protegeu de tudo e de todos, mesmo eu sendo a mais forte. E no final das contas, ela não conseguiu se proteger de mim.
“Você ainda se culpa? Por ter ficado comigo?” eu e ele já tínhamos discutido isso várias vezes e a conclusão era sempre a mesma.
“Não. Aconteceu o que tinha que acontecer, se eu não tivesse aparecido, vocês teriam cometido um GRANDE erro. Iria estragar a vida dos dois. Você não é cara pra ela, Luke” ele riu e concordou.
“Eu sei. Ela sempre foi como uma bonequinha de porcelana, eu achava que ela poderia quebrar a qualquer minuto e sei lá, ela sempre foi tão bonita sabe? Era o tipo de garota que eu achava que sempre quis, a gente conversava muito, mas eu não me abria pra ela, eu até tentava, mas não conseguia, eu ficava com medo ou sei lá o que, com você não... É como se você fosse como eu. Eu sei que você pode me julgar, falar mal de mim, mas também sei que não importa o que eu faça, você estará comigo” ele deu um beijo no topo da minha cabeça e olhou pra ela.
“O mais doido de tudo é que no final das contas, mesmo eu estando errada, e sendo uma total bitch com ela, se ela fosse mesmo minha amiga, nada disso impediaria a gente de se falar e ser amiga. Brigar tudo Ok, ficar sem se falar por um tempo também, mas não pra sempre...” e isso nessa história toda era a única coisa que me doía.
Eu realmente não me arrependo de nada do que eu fiz, do que eu disse, mesmo machucando ela. A única coisa que dói, é saber que se ela não quer mais ser minha amiga, é porque de fato ela nunca foi. Ela nunca me amou como ela disse que amava, incondicionalmente.
“Nada irá nos separar, nunca! Nosso amor é incondicional, não importa o que a gente faça...” foi o que ela me disse uma vez. Talvez eu tenha sido tola por acreditar, não sei. Talvez eu tenha extrapolado demais roubando o provável amor da vida dela ainda mais na noite do baile de formatura. Talvez a culpa tenha sido minha por tê-la traído da pior forma possível, talvez traição não esteja incluída no plano de “amizade que supera tudo”. Eu não sei...
Tudo o que sei, é que por mais que eu tente não pensar nisso e não esperar, acho que sempre haverá uma gota de esperança de ter a Lisa de volta ao que era antes, só nós duas, sem Lucas, sem Gustavo, ou qualquer outra pessoa. Só eu e ela. Amigas para sempre, como sempre fomos, somos e seremos!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ovelha Negra

Como eu falei antes, o titulo "A garota nova" era um titulo provisório enquanto eu não arranjava coisa melhor... Aceitando uma sugestão, ficará esse que é bem melhor que o anterior... ;)




Capítulo 01

A primeira coisa que uma pessoa via quando chegasse na entrada do CSP era uma linda fonte onde havia uma estátua de um anjo esculpida em mármore. A fonte ficava logo depois do portão de entrada e surpreendia a todos a que olhavam para ela, mesmo aqueles que já tinham ouvido falar.
Construída em 1954 como um presente do antigo dono da propriedade a sua mulher, um presente de casamento. Um anjo esculpido com sua face. Ao menos era isso o que dizia no folhetim que recebi da escola. Sim, eu li o folhetim.
Sei que isso não é o tipo de coisa que alunos fazem, mas eu queria reunir o máximo de informações possíveis antes de chegar na escola. Afinal de contas, eu iria entrar na escola durante o meio do ano, não era uma coisa boa de fazer.
Entrar na CSP é extremamente difícil, porque eles são extremamente seletivos com seus alunos E professores pelo o que eu ouvi. É quase como uma faculdade antecipada. É preciso uma prova pra entrar, além de ter um histórico escolar quase que impecável e ainda assim, é difícil, pois as vagas são para poucos.
Encarando os fatos eu só entrei por causa do meu pai. Ele é um agente militar condecorado várias vezes por serviços prestados ao país. Então sim, só mesmo alguém de tamanha importância pra conseguir uma vaga na CSP bem no meio do ano. Então como você já deve ter percebido, isso não acontece com freqüência na escola. Provavelmente será algo que todos já devem saber, toda a escola, que não é exatamente pequena.
“Senhorita Oliveira, aguarde aqui um instante, em poucos minutos o diretor irá atendê-la” disse um dos soldados que bajulavam o meu pai pra mim. Ele sorriu, mas eu não sorri de volta. Não tinha por quê.
“Tudo bem” respondi e vaguei meu olhar pelo lugar. Era certamente um lugar bonito. Ao menos até onde eu já tinha visto. Agora eu me encontrava fora do lado da sala do diretor, onde tinha uma recepcionista me encarando de forma bem chata. Era curiosidade e ao mesmo tempo... Medo?! Céus, fico pensando o tipo de boato que já espalharam.
O lugar não tinha muito pra olhar, o principal eram os quadros de arte na parede. Havia uns 3 ou 4 quadros que certamente despertaram a minha atenção. O primeiro era de uma mulher sentada em um degrau fora de uma casa com um tom sombrio e ela parecia estar triste, chorando, mas havia um sorriso discreto em seu rosto. O que me leva a pensar porque um artista pintaria tal desincronia. O segundo era de uma floresta onde as arvores não tinham folhas e havia uma mulher parecida com a do primeiro quadro, só que agora ela estava em um vestido preto em camadas e estava de costas. Era tão intrigante quanto o outro. O que ela estaria fazendo numa floresta assim, vestida assim, à noite?
E o terceiro, bem, o terceiro não era de uma mulher. Era uma garota. Uma criança. Meio parecida com a dos quadros anteriores, mas claramente não era a mesma pessoa. A dos dois outros quadros tinham olhos azuis brilhantes, a dessa criança eram castanhos e havia um brilho no olhar que a tornava especial. O restante do quadro era simples, um parquinho onde havia várias outras crianças brincando e sorrindo, mas esta em particular estava olhava pra quem estava olhando o quadro. Parecia quase que como uma fotografia de tão perfeito e preciso o quadro. E o quarto...
“Ah, senhor Sales, que bom que o senhor chegou. Está atrasado! O diretor quer falar com você e... O que aconteceu com suas vestes? É melhor se arrumar antes de ir falar com o diretor e principalmente, antes que um dos alunos veja você desse jeito” uma voz menina falou para algum cara que certamente tinha aparecido. Evitei virar de vez pra não parecer bisbilhoteira e resolvi que olhar de rabo era melhor.
E fiquei realmente surpresa com o que pude ver. Havia um cara em frente a tal recepcionista e meu deus, que cara! Não dava pra ver se ele era bonito, mas forte e músculo totalmente dava pra ver. Ao contrário dos homens que eu tinha visto por aqui, ele estava com a camisa pra fora da calça e a gravata apenas em volta do pescoço, sem nó algum. O cabelo estava todo desarrumado e a camisa parecia que ele tinha dormido com ela. Quando eu vi que ele me olhou, eu olhei rapidamente de volta para os quadros, tentando concluir minhas análises e ignorá-lo.
Logicamente que eu não consegui me concentrar na análise de novo. Eu estava querendo era dar mais uma espiadinha nele. Que tipo de problema será que ele tinha se metido pro diretor querer falar com ele? Não consegui imaginar nenhum aluno do CSP se metendo em problemas a ponto de ser levado para o diretor. Não eram todos alunos modelos?!
Quando resolvi ceder a tentação de olhar de novo para o tal cara misterioso eu percebi que não havia mais ninguém na recepção. Nem ele e nem a recepcionista. Onde será que tinham ido?
“Procurando-me?” uma voz masculina e forte falou ao meu lado e eu soltei um gritinho de susto. Ele apenas me olhou sorrindo. Era o tal cara e ele não era apenas bonito, ele era LINDO. Do tipo de cara que é modelo. Do tipo de cara que é ator. Do tipo de cara que está na capa das revistas e que nos faz suspirar e desejar ter. “Desculpe-me por tê-la assustado. Bonitos não?” ele falou indicando o queixo para os quadros. “Também adoro eles” e deu um suspiro estranho.
“São... Fascinantes e misteriosos, isso me atrai, eu acho” dei de ombros e ele apenas ficou me encarando.
“Uau. É a primeira pessoa que eu vejo dizendo que eles não são óbvios demais” ele riu de novo. Será que ele tinha pensado que eu havia falado alguma besteira pra rir assim? Eu sei que não falei. Tolas as pessoas que vêem isso como algo simples, não são nenhum pouco.
“Como alguém pode dizer isso? E são tão bem pintados... Quer dizer, olha isso” apontei pro vestido em camadas da mulher do segundo quadro. Ele apenas assentiu olhando deslumbrado e ao mesmo tempo... Triste?
“Você realmente tem um bom gosto garota” ele sorriu amistoso e então me estendeu a mão. “Enzo, Enzo Sales” e eu olhei pra mão dele e respondi apenas um “Olá Enzo, eu me chamo...” nem precisei responder porque alguém respondeu por mim.
“Catarina Oliveira! Que imenso prazer recebê-la” um velho gordo, barrigudo, de cabelos brancos, alto, bem vestido e bem, lindo, abriu os braços pra me receber. Era o diretor.
“Olá senhor. Muito obrigada por me receber aqui no CSP ainda mais em tais circunstâncias” disse minha fala ensaiada a qual meu pai me obrigou. “Sei que não deve ter sido fácil, agradeço muito” dei-lhe um sorriso falso, mas ao menos tentei aparentar sinceridade.
“Oh senhorita. Com notas como a sua, um histórico escolar como o seu, certamente não foi tão difícil assim não é mesmo? Definitivamente é do tipo de alunas como você que estamos precisando aqui no CSP” ele sorriu sinceramente. É, talvez eu goste dele. Durante todos esses anos acho que me acostumei tanto as falsidades que quase nem lembrava mais de um sorriso verdadeiro.
“Espero que eu renda bons frutos aqui, senhor” sorri e dessa vez mais sincera. Eu reparei no sorrisinho de deboche na cara do cara ao meu lado, do Enzo durante todo o diálogo com o diretor. Olhando agora, até que eles dois se pareciam um pouco. Quer dizer, o Enzo era tão alto quanto ele e ambos tinham os mesmos olhos azuis. Só que o Enzo era loiro, e o cara tinha já os seus cabelos brancos, e enquanto o Enzo tinha músculo, o cara gorduras.
“E com certeza renderá senhorita. Esta é a chave do seu quarto, peça para a senhorita Medeiros mostrá-la onde fica. Ela é a moça da recepção” ele completou sua fala e quando disse sobre a recepcionista, não pude deixar de notar que suas pupilas dilataram e um certo sorrisinho apareceu em seu rosto.
“Oh certo. Eu irei, senhor” e acenei para ele cumprimentando-o com a cabeça e então me virei para olhar pra o Enzo. Eu sorri e murmurei pra ele um “te vejo depois, boa sorte” e ele sorriu de volta, depois um leve tom de vermelho surgiu em suas bochechas e murmurou de volta um “obrigado”.
“Minha sala, Enzo” o diretor mudou seu tom de voz completamente pelo o que pude notar. Era frio e de certa forma parecia desprezo, mas nem tive muito tempo de pensar nisso, porque eu tinha a minha própria vida pra me preocupar do que com um garoto qualquer, mesmo um muito lindo. Certamente ele sabia se cuidar sozinho.
Quando eu cheguei na recepção a moça estava sentada lá mexendo no computador com uma cara séria. Parecia bem importante porque ela estava tentando se concentrar bastante. Mas ao mesmo tempo, era algo que ela estava gostando de fazer, não era daquele tipo de trabalho chato E difícil.
“Err... Senhorita Medeiros” eu a chamei e esperei. Ela demorou uns 5 segundos antes de olhar pra mim e ficou surpresa ao ver que era eu, eu achei.
“Pois não?” era engraçado ouvir esse “pois não” eu sempre achei. Não sei, sempre soou bem falso pra mim e uma forma de manter as pessoas bem distantes.
“O diretor falou para a senhorita me mostrar o meu quarto. Ele já me deu a chave” mostrei a chave pra ela e seus olhos indicavam surpresa.
“Novata e já tem um quarto exclusivo? Deve ser mesmo alguém importante” e levou as mãos aos lábios na mesma hora em que disse isso. Eu ri. Era sempre o gesto que crianças pequenas faziam quando contavam mentiras. Só que o dela nada teve a ver com mentiras e sim, excessiva sinceridade. É, talvez eu gostasse dela.
“Isso é raro por aqui? Ter seu próprio quarto?”
“Somente os professores tem seus próprios quartos. E ainda assim, nem todos eles o possuem. A maioria é compartilhado. Alunos... Não, nenhum deles tem quarto próprio” ela disse indicando com a cabeça a direção certa a seguir.
Era só questão de tempo até essa informação de quarto exclusivo vazar. E se bem conheço adolescentes, até vários deles começarem a querer ter esse mesmo privilégio o que me leva a pensar em qual justificativa o diretor dará. Será certamente muito interessante.
“Então... Quem é você?” ela me perguntou. O engraçado é que ela parecia pensar que eu tinha alguma coisa super interessante e empolgante, como alguma atriz famosa ou sei lá, algo do tipo, algo excitante. Mas acontece que... Não tem nada muito excitante sobre quem eu sou. Quer dizer, tirando o meu dom. Nada demais.
“Hum... Meu nome é Catarina Oliveira” falei mesmo já sabendo que não era isso o que ela queria saber. Provavelmente ela já sabia, já que ela trabalhava para o diretor.
“Eu sei seu nome. Não foi isso que eu perguntei. Quero dizer, me desculpe pelo tom informal, é que nessa escola é formalidades o tempo todo, e eu nem sou assim tão mais velha que você. E eu realmente estou curiosa. Estão dizendo todo tipo de coisa por aí. Inclusive que você é uma filha bastarda do presidente, isso é verdade?” a excitação na voz dela era mais do que clara. Eu apenas ri.
“Não, desculpe” dei de ombros rindo. “Meu pai é militar” dei de ombros de novo. Ela apenas soltou um “ah” de decepção.
“É, aqui tem muitos filhos de militares” e eu realmente não duvidava. Mas é claro, algo como ela devia estar pensando, me tornava diferente dos outros. Porque bem, meu pai era diferente dos outros e não é do tipo de informação que estou autorizada a sair falando, até porque, nem eu sei da história toda, pro meu próprio bem e do país. É o que eles, o governo, e meu pai dizem.
“Qual o seu primeiro nome?” perguntei pra ela e ela pareceu bem surpresa. Eu vivi a minha vida toda em meio as formalidades, eu gostava do informal pra variar.
“Letícia” ela sorriu feliz.
“Certo Letícia e há quanto tempo você tem um caso com o diretor?” sei que fui direta demais, mas era algo que eu gostaria de saber e minha pergunta chocou ela mais do que qualquer outra coisa.
“Eu não... Eu não... Nós não... Por que você está perguntando isso?” ela decidiu responder por fim já que a frase do “eu não tenho um caso com ele” não funcionou. Se ela soubesse do meu dom, saberia que nenhuma outra frase funcionaria.
“Digamos que... Eu apenas seja muito perceptiva e saquei quando ele me falou pra ir até você” eu pisquei pra ela e suas bochechas ficaram rosadas.
“Como ele falou de mim?” seus olhos brilhavam tanto em satisfação e excitação que chegava a ser patético. Um patético bonitinho.
“De forma que definitivamente dá pra ver que ele sente algo por você e pelo visto, você por ele e não é algo... Por diversão, nem da sua parte e muito menos da dele” sorri feliz comigo mesma ao perceber a felicidade nos olhos dela. Ao menos algum bem minhas habilidades faziam a alguém.
“Desde antes de eu ter 18 anos. Mas... Ele é um homem direito. Esperou eu completar 18 anos antes de sequer me beijar. Antes dos meus 18, ele parecia mais um pai pra mim. Ainda mais que... Meu pai morreu quando eu tinha 12, então o Paulo, o diretor, foi como um pai pra mim. Logicamente eu me sentia muito atraída por ele, tentei beijá-lo diversas vezes, mas ele me disse que não podia, que deveríamos fazer as coisas do jeito certo. E isso seria esperar até eu ser maior de idade e ele realmente esperou” ela completou com felicidade. Ela estava mesmo falando a verdade, mesmo sendo difícil de acreditar um homem sendo tão digno assim.
“Vejo que sim, bom, sorte sua. Outra coisa, conhece todo mundo por aqui não? Sabe das últimas fofocas?” afinal, qualquer garota que se preze, bem sabe que deve estar sempre informada sobre tudo e todos e evitar surpresas desagradáveis.
“Hahahahaha. Sim, na verdade eu sei sobre tudo o que rola por aqui” ela piscou pra mim. “Mas não sei se seria certo te contar, muita coisa é informação privada” e eu pude notar sua vontade de compartilhar as informações.
“Minhas prediletas” eu sorri e pisquei pra ela.