- Amigos? – falei incerta mais como uma sugestão de
sermos amigos do que uma pergunta em si estendendo minha mão em direção a ele
para um rápido aperto de mão. Quer algo mais civilizado, controlado e
impessoal?
- Amigos. – ele respondeu como se houvesse reticências em sua fala enquanto ele
apertava minha mão.
- Eu... – comecei a falar, mas logo fechei a boca ao olhar mais uma vez nos
seus olhos. Desviei de forma quase que imperceptível para que eu fosse, ao
menos, capaz de criar sentenças completas com algum sentido. Algo que, para
mim, era extremamente difícil. Eu não fazia o menor sentido quando estava com
ele e eu sabia disso. Eu não conseguia pensar. Ironicamente era para quem eu
mais queria que eu parecesse inteligente. – Quero ao menos ser sua amiga, te
conhecer melhor. Você me parece interessante. – eu sorri internamente pensando
no tamanho eufemismo da minha ultima frase.
- Claaaaro. Eu também quero te conhecer. – ele sorriu. Dessa vez um sorriso
mais leve, quase infantil. – E não precisa manter essa distancia não. – ele
indicou gesticulando a distância geográfica em que nos encontrávamos.
Eu apenas olhei de onde ele estava para onde eu estava e sorri.
- Posso te dá um abraço? – perguntei com plena consciência dos riscos que um
simples abraço poderia causar.
- Lógico! – ele sorriu mais abertamente o que me fez sorrir.
Andei
toda a distância entre nós até estar a somente alguns centímetros de seu corpo,
de seu rosto. Mas lembrei de evitar seus olhos, antes que me visse prisioneira
deles mais uma vez.
- Me
abrace direito, não esse abraço mal dado, de lado. Me abrace direito. – ele
reclamou.
E então eu o abracei. Eu realmente o abracei e fui completamente pega de
surpresa pela sensação que isso causou em mim. Perfeito. Como era possível que
o corpo de alguém se encaixasse tão perfeitamente? Ele tinha as dimensões
exatas para que eu facilmente enterrasse minha cabeça em seus ombros ao mesmo
tempo em que o cheiro do seu pescoço me deixava... Extasiada. Seu cheiro era de
fato, inebriante.
Seu corpo era quente e macio, o que era ótimo naquela noite fria. Ou em
qualquer outra noite fria. Eu sabia que abraçando-o eu provavelmente não iria
mais querer soltar e foi o que aconteceu. Parecia tão... Certo. Eu não deveria
estar ali, eu sabia, conscientemente, logicamente, racionalmente eu sei que não
deveria, mas não era o que eu de fato sentia.
E por que seria errado? Não era. Não é.
O abraço dele me transmitia uma segurança maior do que sou capaz de colocar em
palavras. Pela primeira vez na vida eu me sentia segura. Sem medos. Sem grilos.
Sem neuroses. Sem milhões de perguntas sem resposta. Sem pensar no antes, sem
pensar no depois. Pela primeira vez em muito tempo eu conseguia aproveitar o
momento pra valer. O ali e o agora.
Uma das melhores sensações do mundo, se não a melhor, é a de estar em casa, de
estar exatamente onde você deveria estar, de estar e SER feliz. E eu estava.
Não havia qualquer outro lugar do mundo que eu gostaria de estar. Não havia
qualquer outra pessoa que eu gostaria que estivesse ali, no lugar do meu
Dionísio. Perfeito. Tudo estava... Perfeito.
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