quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E talvez contos de fadas existam...

Parte 01

Oh a merda... Cara, eu não faço a mínima ideia do porque eu estou fazendo isso. Quer dizer, eu sei que prometi a Vanessa que eu a ajudaria, mas eu não deveria ter feito isso. Eu totalmente não deveria.
A Vanessa é a minha melhor amiga desde que eu tinha sete anos de idade. Nós moramos no mesmo prédio, estudamos na mesma escola, na mesma série, na mesma sala e já namoramos dois garotos melhores amigos.
Acontece que, agora nós duas temos 23 anos de idade, mas mesmo assim ela ainda carrega alguns traços de adolescente. E um desses traços consiste em ainda manter a paixão dela por um cara da família real de algum país europeu. Ela nunca viu o cara pessoalmente, ou em qualquer lugar na verdade, ela só... Ouviu o nome dele e por causa disso saiu dizendo por aí que ele é o amor da vida dela. Sim, ela é louca.
E eu mais ainda por não ter conseguido dizer “não” quando ela me pediu ajuda com o plano maluco dela de vir até a Europa, que é onde estamos agora, na Inglaterra mais precisamente, porque ela ouviu que ele estaria aqui.
E o motivo de nunca termos visto a tal cara do cara, é porque ele simplesmente, segundo as histórias, foi criado num vilarejo pequeno aprendendo coisas básicas pra poder governar e o poder não subir a cabeça, algo assim, algo totalmente rei Arthur. Então assim, agora que pai dele morreu, ele terá que assumir o trono ou algo assim, e finalmente a Vanessa poderá encontrá-lo.
Nesse exato momento ela está olhando sua aparência que está impecável no espelho e tagarelando sobre o quão incrível será. Que ela irá olhar nos olhos dele e ele simplesmente perceberá que ela é a mulher certa pra ele, que ela é quem deve ser a futura rainha, mesmo que ela trabalhe e seja uma mulher independente do século XXI.
“Oh meu deus. É ele! É ele! Ele finalmente está chegando” ela disse me entregando o espelho e indo em direção aos jornalistas e paparazzi que estavam indo em direção a um cara vestindo jeans e uma camisa, que claramente eram de marca. Do lado dele tinha mais um cara vestido parecido e ambos estavam de óculos escuro.
Eu não consegui evitar de pensar em como tipo, seria estar no lugar dele. Acordar em uma bela manhã e descobrir que o pai morreu e que ele terá que governar o país, que muita gente interesseira se aproximará dele, que ele TERÁ que escolher uma mulher pra casar e sabe-se deus mais o que príncipes tem que fazer.
“Ótimo” eu falei resmungando, mas ela nem percebeu. Estava ocupada demais tentando ter um vislumbre da paixão dela. Ela é louca, fala sério. Nunca nem viu o cara.
Ao mesmo instante que o tal príncipe estava chegando, tinha um grupo de caras chegando também ao lado dele. Um deles usava uma roupa que meio que parecia uma espécie de uniforme, um uniforme de motorista e ele carregava duas malas também. Olhei ao redor e todos estavam concentrados no tal príncipe e ninguém reparou no bonitinho aparentemente o motorista de alguém. Seria o motorista do príncipe? Poderia ser possível e nossa, o motorista é gato.
E bem, ele parecia estar tendo realmente problemas com as malas que ele estava carregando que depois de um tempo eu fui perceber que eram três. Uow coitado. Eu, logicamente, fui me oferecer pra ajudá-lo, quem sabe assim eu não conseguia algo pra ajudar a Nessa?
“Oi, com licença, posso ajudá-lo?” perguntei indicando minha cabeça pras malas. Ele me olhou surpreso e sorriu. Belo sorriso senhor motorista.
“Não precisa, muito obrigado” ele falou num inglês com um sotaque bem diferente. Sexy.
“Lógico que precisa. Deixe-me ajudá-lo” falei pegando a mala que estava nas costas dele e eu pude sentir ele respirando aliviado.
“Muito obrigado” ele sorriu de novo e eu retribui.
“Então... Qual é a dessa roupa?” perguntei enquanto caminhávamos pra longe de onde o príncipe estava.
“De motorista” ele pareceu bastante incomodado antes de responder.
“Fica bem em você” eu sorri em flerte. Então ele era mesmo motorista e pelo visto deveria ser do tal príncipe. Minha chance real de ajudar a maluca da Vanessa.
“Dele?” perguntei olhando para o príncipe que estava tirando uma foto com uma garotinha em seu colo.
“Eu...” ele começou e ficou vermelho. Eu ri.
“Sigiloso, já entendi” minha oportunidade mesmo! A Vanessa iria me agradecer muito por essa minha sacada genial.
Nós chegamos até uma limusine preta e então ele pegou as malas e as ajeitou nos lugares corretos. Disse que o príncipe estaria chegando a qualquer momento e que ele deveria estar dentro do carro a postos.
“Claro, mas antes... Por que você não me dá o seu número e a gente marca de se encontrar algum dia? Eu... Sei lá, eu gostei de você” eu sorri pra ele e estendi um bloquinho de anotações e uma caneta.
“Ótima ideia. Eu... Também gostei de você” ele sorriu e piscou um daqueles incríveis olhos azuis dele. Quando ele foi escrever o número no bloquinho seu chapéu caiu e então deu pra ver o quão macio e sedoso o cabelo preto dele aparentava. Foi difícil resistir de estender a mão e tocá-lo.
Eu gentilmente abaixei pra pegar rápido o chapéu dele e ele também se abaixou e nossas mãos se tocaram e fomos subindo bem lentamente exatamente como acontece nesses filmes que a Vanessa assiste.
Agora eu entendo porque ela fica toda afoita. É uma sensação legal e poder ver o brilho dos olhos deles e me sentir quente só de imaginar ele tocando mais que apenas a minha mão é muito legal. Só que, eu não sou esse tipo de garota. Não acredito em contos de fadas que nem a Vanessa, não mesmo.
“Ah... Já ia me esquecendo” ele se virou logo depois que tinha ido.
“O que?” será que ele ia me beijar agora? Haha, brincadeira.
“Seu nome. Qual é?”
“Sofia. O seu?”
“Edward” ele arqueou uma das sobrancelhas e foi algo totalmente sexy.
“Que nem o cara do crepúsculo?” perguntei e comecei a ri histericamente. Merda de influencia da Vanessa. Passei meses escutando ela suspirando por esse cara, o tal do Edward Cullen, fala sério.
“Quase. Não sou um vampiro e se fosse, eu não seria vegetariano” ele sorriu de volta. Uau, ele tem senso de humor e não me julgou pela minha total infantilidade. Ele devia ser mesmo um cara legal. E a voz que ele tem é simplesmente muito, muito sexy.
“Creio que não mesmo e se fosse, eu faria você mudar de ideia” eu pisquei e virei as costas. Não iria estragar esse momento dizendo “tchaus” e coisas do tipo. Era bom deixar o mistério e o tom de flerte no ar.
Quando eu vi o príncipe estava entrando na limusine e o Edward provavelmente estava na frente dirigindo, não que eu tenha visto agora ele estava com óculos escuro e chapéu, nem dava pra vê-lo direito.
“Ai meu deus, finalmente achei você! Onde você estava?” a Vanessa disse praticamente gritando no meu ouvido.
“Tentando descolar um encontro” suspirei rolando os olhos. As vezes ela realmente enchia o saco.
“SÉRIO? Eu querendo conhecer o amor da minha vida, lutando por isso e você quer mais um macho pra sua coleção? Não basta os que você deixou no Brasil, você ainda quer um inglês? Uau! Eu esperava um pouco mais de consideração” sua voz agora era de uma menininha indefesa.
“Pare com o drama, nem comece. O encontro vai beneficiar você. Eu vou sair com o motorista do príncipe” assim que eu falei essa palavra ela começou a gritar e a pular e a me sacudir em pleno aeroporto dizendo o quanto eu era incrível. “Eu sei, eu sei. Eu sou a melhor amiga do mundo e sou mesmo, é bom que você esteja ciente disso. Agora nós iremos fazer compras porque eu acho que sairei com ele amanhã” eu sorri misteriosamente.
“Já? Nossa, você é mesmo rápida! E sim, deixa eu contar. Ele olhou pra mim! Ele olhou pra mim! Ele olhou bem no fundo dos meus olhos com aqueles olhos verdes dele e sorriu pra mim! Eu não disse? Eu sei que ele não vai parar de pensar em mim a noite toda e depois irá me procurar!” ela suspirou bem fundo. Eu ri. Engraçado é saber que ela REALMENTE acredita nisso.
“Ele é bonito ao menos?”
“O cara mais lindo que eu já vi” ela suspirou de novo.
“Certo, certo. Vamos indo” eu balancei a cabeça sorrindo enquanto ela me abraçava bem forte e saíamos de mãos dadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário