sábado, 21 de agosto de 2010

De volta à lua...

A situação parecia ainda pior do que da ultima vez que Endra esteve na guerra, com movimentos ágeis e precisos ela tentava escapar dos golpes inimigos, desviar dos feridos e ir à sua busca por Jink.
Seu coração parecia sufocado de angustia, pelo seu filho, por Jink e pelo seu povo. Uma batalha travava-se em si mesma, uma parte de si queria voltar para marte em segurança, para manter seu filho longe de todo horror e salvo e outra tinha que guerrear, pelo seu povo, pelo seu amor, por sua vida.
Distraiu-se por um mero momento com seus pensamentos e logo se viu em mais uma batalha. Mas aquela não era uma luta com soldados comuns, aquele homem parecia ter alguma grande posição pela maneira como se vestia e pela postura imponente e ainda o brilho de fúria naqueles olhos vermelhos.
Eles não se reconheceram, mas eram com Pátrir que lutava agora. As espadas afiavam-se uma contra a outra, uma sede de vitoria estava instalada nos dois. Pátrir queria destruir qualquer inimigo de guerra, Endra queria se livrar de todo aquele horror que lhe afastava de ter sua família em paz.
Mas não contava com uma distração, em um momento fugaz em que seus olhos se encontraram com o brilho vermelho dos dele, sentiu uma pontada estranha no ventre e logo foi atingida. A espada lhe fizera um profundo corte nas coxas, o que impossibilitava ela de lutar direito, seus passos foram ficando embaralhados e ela podia cair se não fosse pelos braços fortes de Jink que logo a seguraram.
Jink estava patrulhando por perto, montando algumas estratégias quando viu Endra lutar ao longe, teve o primeiro impulso de achar que era apenas alucinação, mas deu-se conta de que era a sua Endra de verdade ali, uma onda de fúria lhe invadiu.
Por que raios aquela mulher teimosa tinha sempre que se meter em perigo? Ele não podia perdê-la! Não agüentaria! Mas ao ver sua amada sendo atingida pelo cruel líder Saturniano não lhe restou alternativa do que projetar sua raiva em Pátrir e tentar proteger a sua esposa.
Jink segurou Endra em seus braços e a afastou da espada de Pátrir, aquela luta era dele, não dela, ela não podia se machucar. Deixou-a pouco depois e voltou urrando desaforos para o líder de Saturno. A batalha estava violenta ao extremo. Ambos machucavam e ambos eram feridos. Não parecia haver vencedor, aparentava que as laminas afiadas de prata iria acabar matando os dois. Com essa possibilidade Endra se inquietou, jamais deixaria que seu Jink fosse ferido por sua causa, jamais! Juntou o pouco de forças que lhe restava e partiu para cima dos dois, jogando nas costas de Pátrir na tentativa de refrear o inimigo. Mas aquele simples toque, quase violento do peso da princesa sob as costas do guerreiro fez todos os sentidos de Pátrir se atiçarem.
Poderia jurar que já a conhecia, aquele toque quente e suave, mesmo numa guerra em meio a batalhas não pode deixar de sorrir. Aquilo lhe levava a lembranças que ele achava ter esquecido, de uma jovem ferida em seu castelo certa vez, uma jovem de cabelos mutantes e lábios macios. Um susto! Congelou ao perceber que aquela jovem era ela, a que esteve em seus braços, era agora a guerreira que tinha sede por sua morte. Não podia ser as estranhas peças que o destino pregava. Milhares de cenas vieram a sua mente, e com a utilização de seus poderes ele pode ver a verdade a sua frente. Aquela mulher carregava um filho seu, um herdeiro de Marte e saturno, uma nova era, era o seu menino.
Jink aproveitou-se dessa distração do oponente e o atacou, tinha agora sede de lutar, queria acabar com a raça daquele individuo, a espada parecia dançar provocando cortes, a luta recomeçara e Endra parecia esquecida.
Ela enfrentou um redemoinho interno de emoções com as quais não sabia lidar, ela ainda não tinha se dado conta de quem era seu inimigo, queria apenas a salvação de Jink e mais uma vez tentou intervir, jogando-se agora entre as espadas. Mas não foi a única a se intrometer, uma terceira espada foi lançada na tentativa de ajudar, mas esta lâmina saturniana de um guerreiro estava voltada para Endra.
Foi apenas um instante, um curto espaço de segundo, mas para Pátrir pareceu toda uma vida, uma vida em apenas uma decisão. A lâmina apontada para a mãe de seu filho era de guerreiros amigos. O filho daquela mulher era dono de uma profecia, que não conhecia bem, mas que já foi muito falada. Sabia que se salvasse a ela seria o seu fim, mas se não a salvasse seria o fim de seu filho parte de si. Qual deles ele salvaria? A si ou a seu filho? Ou aquela jovem guerreia com parte de seu coração? Marte ou Saturno? Saturno ou todo o sistema? Era um momento crucial.
E então a espada perfurou a carne,mas não era o sangue de Endra que escorria,era o de Pátrir. Ele optou pela vida de seu filho e da guerreira a sua frente, jogando-se num movimento ágil entre a espada e a princesa. Salvava assim seu filho, e provavelmente entregando a vitória.
Aquela atitude inesperada chocava a todos. O que teria feito o cruel líder de saturno agir assim? Ninguém sabia a resposta. A princesa estava chocada e ao mesmo tempo admirada, algo lhe tocava de uma maneira estranha. Porém em Jink uma fúria subiu, era ele quem deveria ter salvado sua amada.
Ele! Não o inimigo! Não aquele que sempre tomou por desprezível! Era ele. Somente ele! Cego pela raiva repentina, ele retomou a luta. Pátrir mesmo ferido no ombro direito e impossibilitado de manobrar uma espada com movimentos exatos continuou, jamais desistiria.

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