sábado, 21 de agosto de 2010

Garota Problema

Certo. Sempre que algo errado acontece à culpa cai sobre mim e por quê? Porque eu tive a infelicidade de ser a mais nova. Para variar a Anu e a Mari sempre se safam de todas as coisas que fazem. Sempre que erram a culpa cai sobre mim.
Durante esses dois últimos meses elas têm tentado criar uma nova poção do amor ainda mais poderosa do que a que nossa mãe criou. Não sei pra que uma poção mais poderosa que a da nossa mãe, já que, deu super certo e ela casou com o papai e está casada com ele até hoje e ele parece que a ama, mesmo que, seja por causa do feitiço. A questão é que elas juntas são bem capazes de conseguir isso e se conseguirem quem tomar a poção sofrerá um estrago praticamente irreversível, não é algo que eu deseje a alguém.
Além disso tudo, papai nos obrigou a mudar de cidade por causa da última que elas aprontaram na nossa antiga e cidade natal. Algo que fez com que nosso segredo quase fosse descoberto por eles. Por ser menor de idade e ainda morar com meus pais e não ter o controle pleno de meus poderes eu fui obrigada a mudar por causa delas. Chorei muito por ter que sair de lá, já que, eu pela primeira vez tinha arranjado um namorado, alguém que gostava mesmo de mim e não um idiota que só me queria pela minha beleza. Elas estragaram tudo isso. A pior parte é que não posso sequer acusá-las ou fazer algo ruim, porque sei que se o fizer só piorará a situação para o meu lado, além do que, elas não estão nem aí pra mim.
“Nimue ainda está aqui? Caramba garota, cai fora! Não mexa no meu quarto, não quero você aqui! Sai!” pulei surpresa pela chegada da Mari, nem a ouvi entrar! Felizmente eu já tinha conseguido o que eu queria no quarto dela. “Por que está com essa cara? O que afinal você veio fazer aqui? Olha, se veio usar meu telefone pra falar com aquele seu namoradinho estúpido eu vou contar pro papai e ele vai deixá-la de castigo!” ela gritou me fuzilando. Sua expressão mudou completamente quando eu apenas a olhei e dei de ombros, eu conhecia aquela expressão. Medo. A Mari estava com medo de mim, ou do que eu pudesse ter achado aqui! Viva!
“Faça o que quiser, afinal vocês sempre fazem não é? A culpa sempre cai sobre mim mesmo. Tanto faz. Não ligo mais. Vocês já me fizeram perder o que, ou melhor, quem eu mais amava... Não fique animadinha Mari, você pode ganhar agora, mas o Fred ainda me ama e eu a ele, vamos dar um jeito de ficar juntos!” falei confiante. Mesmo sabendo que eu não poderia saber disso, algo dentro de mim gritava que eu estava certa.
“Oh que linda! Uma bobinha apaixonada. Ele não vai te esperar. Muito menos até você ter o seu “tempo” idiota. Você devia ter transado com ele quando teve chance. Agora? Tarde demais pra isso. Ele vai arranjar alguém para consolá-lo, você sabe. Vá terminar de passar sua maquiagem, ela está escorrendo com suas lágrimas. Se demorar demais, iremos embora e você vai a pé ou de ônibus!” a Mari bateu a porta na minha cara.
Por que elas são tão más comigo? Eu sou a irmã delas poxa! Elas não deveriam me amar e me proteger? Com as irmãs que eu tenho ninguém precisa de inimigas. Só para variar fiz o que ela me disse, fui ajeitar meu rosto que estava horrendo com a maquiagem toda borrada pelas minhas lágrimas. Como se lembrar de quem se ama, não podendo o ter, e não chorar?
“Mamãe... Cadê elas?” estranhamente consegui surpreender minha mãe que deu um pulo fazendo frasco que ela estava segurando cair e abrir um buraco na mesa.
“Suas irmãs? Já foram. Você vai aonde arrumada desse jeito?” por que será que não fiquei surpresa ao ouvir isso? Grande novidade que elas tinham me deixado. O pior é saber que minha mãe acreditava em cada palavra que elas diziam.
“Aonde acha que vou mãe? Vou para a escola lembra?” rolei os olhos e sentei a mesa pegando meu almoço.
“Para a escola? Mas a Anu me disse que você disse que não iria, que não estava passando bem, que você estava chorando por aquele garoto!” sua voz era de indignação. Mamãe nunca gostou do Fred.
“Sim, eu estava chorando por ele, mas não disse que não iria à escola, lógico que eu irei. Só que agora não sei como irei, não conheço o caminho pra ir a pé” eu estava mastigando a comida mais devagar que o normal. Não estava com pressa de sair e por um minuto tive a esperança de que minha mãe dissesse que eu deveria ficar em casa ao invés de me lançar numa cidade desconhecida. Eu estava enganada.
“Não seja por isso, querida. Eu a levarei. O diretor me chamou para conversar sobre você” certo, conversa com o diretor ao meu respeito antes mesmo do inicio do ano letivo. Quem tem mais sorte que eu?
“Huh, legal” eu disse de boca cheia e ela me repreendeu com o olhar. O diretor da minha antiga escola sempre chamava meus pais para conversarem sobre mim e falarem de coisas que tenho feito, apesar de que nunca foi eu que fiz. Sempre a Anu ou a Mari, ou as duas juntas. Antes que pense, não, elas não faziam as coisas para ferrarem comigo, não sou tão importante pra elas assim. Elas faziam as coisas pra se divertirem ou algo do tipo para beneficio próprio e por acaso a culpa sempre caía em mim, certamente elas não ligavam para esclarecer as coisas.
“Nem tanto. Seu histórico não é dos melhores, apesar de suas notas serem muito melhores do que as das suas irmãs. Como consegue aprontar tanto e se sair tão bem na escola?” que tal por que não sou eu que apronto? Será que ninguém nunca pensou nisso? “Se eu fosse suas irmãs iria ficar com ciúmes de você. Notas maravilhosas, você se diverte, tinha um belo namorado, apesar de eu não gostar dele e você é linda Nimue... Sorte sua que puxou a seu pai e não a mim. Suas irmãs não tiveram a mesma sorte” é, mas elas herdaram seus poderes, ou grande parte deles, não me sobrou muita coisa. Poderes ou beleza? Acho que eu preferiria os poderes, assim elas não mexeriam comigo.
“Mãe... Você pode não ser a rainha da beleza, mas você é bonita a seu modo e papai ama você, isso que importa” nem sei porque eu estava tentando consolá-la, ela nunca se importou muito comigo.
“É fácil desprezar a beleza quando se tem, Nimue. Sabe muito bem que seu pai ama quem ele vê, e ele me vê parecida com você, linda...” seus olhos se encheram de lágrimas.
“Mas não dizem que o amor é cego?” depois que eu falei isso me senti meio culpada. Ela podia ser uma péssima mãe comigo e mal se importar comigo, mas ainda era a minha mãe e eu a estava chamando de feia.
“É... Espero que suas irmãs consigam a poção. Assim eu saberei se ele me ama de verdade” seu rosto se encheu de esperança e melancolia.
“Como uma poção do amor provará isso?”
“Será que você nunca presta atenção em nada do que digo, Nimue? Assim nunca aprenderá nada sobre a magia!” estava demorando pra me repreender de algo, a culpa que eu sentia se dissipou. “A poção que suas irmãs estão criando só intensifica o sentimento, se ele não existir não terá efeito algum. Porém, quase sempre ele está lá adormecido. Se seu pai nunca me amou e não ama, meu feitiço quebrará e o perderei pra sempre, se funcionar, ele me amará mais que nunca” ah fazia sentido de alguma forma.
“Vocês todas deviam ser internadas! Diz que não presto atenção mamãe, mas e o livre-arbítrio? Onde fica? Olha me deixe viu...” ela me olhou feio e deu de ombros.
Terminamos nosso almoço e ela me levou na escola. Quando cheguei lá tive uma enorme surpresa. Iríamos estudar num colégio católico! Será que minha mãe sabia disso? Pela cara dela ela sabia sim e não estava ligando. Minha cara devia estar me entregando porque ela riu.
“Eu sei, eu sei. Esse é o único colégio respeitável que ainda tinha vagas e aceitou seu histórico” ela me fuzilou quando falou sobre o meu histórico, que na verdade não era meu.
“Certo” assenti e me afastei dela. Vir com a mãe para o colégio era algo bem constrangedor. O colégio era enorme e me senti num labirinto, sem saber para que lado ir. Fiquei olhando de um lado para o outro vendo aquela aglomeração de pessoas, muitos se cumprimentando e conversando. Estávamos num pátio enorme que devia caber umas 1.000 pessoas se não mais, não havia nenhum indicio de salas de aula, apenas uma porta para um lugar que parecia ser a igreja. Uma IGREJA dentro da escola? Certo, isso era algo bem esquisito, mas o que esperar de uma escola católica? Será que seriamos obrigados a entrar?
“Oi” alguém falou atrás de mim me cutucando no ombro. A voz era fininha e meio esganiçada. Quando me virei vi uma menina que parecia ter minha idade senão um pouco mais nova que eu. Ela usava uma saia de pregas azul marinho com uma blusa de botão branca e uma gravata vermelha que combinava com sua boina também vermelha. Ela era uns 15 cm mais baixa que eu e estava sorrindo pra mim. Sim, era mim. Eu verifiquei se ela não estava falando com outra pessoa.
“Oi” respondi depois de estudá-la.
“Sou novata também! Percebi que você é novata, porque bem, não falou com ninguém e aposto que está tão perdida quanto eu nesse colégio imenso!” além de um senso de moda diferente dos outros, ela parecia muito comunicativa e sem vergonha, no bom sentido.
“É, você observou certo. Sou novata também. Meu nome é Nimue, o seu é?” minhas irmãs ficariam surpresas com uma cena dessas.
“Larissa. Eu estou no primeiro ano e você?” agora que estava um pouco mais iluminado eu pude perceber que seus olhos eram claros, azul bem clarinho. Quase cinza. Combinava muito com seus cabelos cacheados e loiros vibrante. Ela parecia ter saído exatamente daqueles filmes americanos, aquelas garotas populares e líderes de torcida. Eu não podia estar errada, quase todos os garotos do salão que estavam a vista estavam estudando-a.
“Estou no segundo” respondi e seu rosto murchou um pouquinho.
“Uma pena que não somos da mesma turma, seria legal já conhecer alguém” de repente seu rosto iluminou de novo. Ela parecia estar completamente entretida na nossa conversa, não parecia notar que quase todo mundo estava nos observando e provavelmente a nossa conversa também. Eu gostava de ter atenção, mas de tanta gente ao mesmo tempo era algo constrangedor.
“Imagino que sim. Escuta Larissa... Não reparou que todos estão olhando pra você?” eu admito que tinha sido indelicadeza da minha parte, mas aqueles olhares todos estavam me incomodando mesmo.
“Para mim?” seu rosto ficou surpreso e depois ela começou a rir. Se eu fosse outra teria corado. “Não estão olhando pra mim bobinha. Estou olhando pra você” ela disse e riu ainda mais enquanto todo mundo continuava a nos observar.
“Como assim pra mim? Não tem motivos para estarem me olhando!” falei para ela sussurrando.
“Ah não?” ela arqueou uma das sobrancelhas e riu sacudindo a cabeça. “Se você conseguir achar uma outra pessoa de preto neste salão me avise” ah então era isso? A cor da minha roupa?
“Estou me olhando por que estou de preto?” perguntei chocada. Realmente ao olhar ao redor não vi ninguém de preto. Todos estavam com cores vibrantes, própria do verão, todos menos eu. Se eu parar pra pensar, até minhas irmãs saíram com roupas coloridas hoje.
“É. Então... Quem morreu?” agora o tom de brincadeira tinha sumido de sua voz e ela parecia preocupada.
“Como assim quem morreu?” perguntei sem entender.
“Ueh, pra você está vestindo preto no verão... Alguem deve ter morrido. Só vestimos preto no verão quando alguém morre. Então, quem morreu?” ela me perguntou parecendo ansiosa.
“Oh” falei em compreensão. “Ninguém morreu. Estou de preto porque amo preto e me sinto bem, é minha cor predileta em roupa”.
“Ah é por isso? Nossa... Achei que alguém tivesse morrido, que bom que não. E bem, não era só pelo preto que estavam te olhando. Além do fato de você ser morena, bonita, estar vestindo preto, ainda tem o fato do comprimento do seu vestido e essas botas...” ela olhou com admiração.
“O que que tem?” eu ainda não conseguia entender. Todo mundo aqui se vestia igual?
“Nada. Você tem estilo... Legal!” ela sorriu amigavelmente de novo. “Então, se não sabe sobre o preto... é de outra cidade?”
Antes que eu respondesse uma mulher com um longo vestido florado e salto alto foi até o meio do pátio e começou um discurso de boas vindas. Não prestei a mínima atenção. Uma coisa mais importante chamou a minha atenção: minhas irmãs ao lado de dois caras lindos de morrer. O pior de tudo, eles estavam com a poção delas nas mãos e eles quatro estavam rindo felizes.
A única coisa que eu pensava era que eu precisava chegar até eles e impedir que minhas irmãs os enfeitiçassem. Nunca fui muito boa nessas coisas, mas esses pobres coitados precisavam saber onde estavam se metendo. Elas não poderiam sair impunes mais uma vez. Eu comecei a andar na direção deles, sem sequer me importar com a queixa dos outros alunos quando eu me batia neles sem querer. A única coisa que dava pra ouvir no salão todo era a voz da tal mulher falando possivelmente sobre o colégio. Minha irmãs não me viram, ainda bem. Se tivesse visto teriam feito algo que sobraria para mim.
“Com licença Sra...?” então de repente e para o meu azar todos estavam mais uma vez olhando na minha direção, inclusive a mulher que estava fazendo o discurso. Eu parei no meu lugar e olhei pras minhas irmãs que estavam com o sorriso afetado na cara dizendo “bem feito”.
“Meu nome é Nimue” falei parando e olhando para a tal mulher. Todos começaram a murmurar alguma coisa que eu não conseguia entender. A mulher fechou a cara para mim e mandou todos fazerem silêncio.
“Certo. Sra. Nimue, não sei de onde a senhorita veio, mas lhe garanto que as coisas aqui funcionam diferente. Desculpe-me a intromissão, mas... Quem morreu?” ela estava claramente estudando meu vestido.
“Ninguém” respondi calmamente e ainda olhando-a nos olhos. Mais uma vez as pessoas começaram a murmurar. Ok, já entendi a parte que não se usa preto no verão a não ser que alguém morra. Por que não poderiam apenas parar de cochichar?
“Ninguém? A senhorita está vestida assim por que então?” sua voz era muito incisiva. Desde pequena meu pai me ensinou que devemos tratar as pessoas da mesma maneira que nos tratam e não temer a ninguém. Foi o que eu fiz.
“Ninguém morreu felizmente, senhora. Estou vestida assim porque eu quero e gosto da cor. Algum problema?” perguntei olhando-a firme. Mais murmúrios ainda. Seja lá quem fosse essa mulher ela não parecia estar acostumada com pessoas a desafiando.
“Temos código de vestimenta nesta escola. Os alunos, sejam quem for, são obrigados a segui-la” ela terminou fazendo uma careta engraçada. Eu ri.
“Acha nossas regras engraçadas? Seu sobrenome por favor” ela disse me olhando ainda fazendo a careta. Não pude deixar de rir.
“Meu...So-sobre...Sobreno...me... é... Bingley” eu não conseguia parar de rir da cara dela. Não fiz por mal ou por provocação, eu juro.
“Ah sim. Eu reconheço seu sobrenome senhorita. Agora entendo. A senhorita faz mesmo jus ao seu histórico” assim que ela tocou nessa palavra eu parei de rir. Todo o humor da minha cara que antes deveria ter tinha sumido. Ela tinha jogado baixo. Pegou no meu ponto fraco. O maldito histórico que me persegue e que não é meu.
“Não senhora. A senhora só poderá ver que faço jus ao meu histórico quando as avaliações começarem” respondi calmamente. Mais uma vez as pessoas ficaram agitadas. Seja lá como as coisas funcionam aqui, já deu pra perceber que isso era novidade. Bela forma de começar, chamando a atenção de todos pela vestimenta errada e depois por brigar com a... ela é o que mesmo? “A senhora só me interrogou e nada sei sobre a senhora” falei educadamente. O salão estava tão tenso e quieto que só dava pra ouvir a minha voz e a dela.
“Eu... Senhorita Nimue Bingley, sou a diretora e madre superiora daqui” ela respondeu. A primeira coisa que consegui pensar foi: ê porra fudeu! Para minha infelicidade eu pensei alto demais. “Palavras de baixo calão são estritamente proibidas aqui, estamos entendidas?” mais encrencada do que eu já estava não poderia ficar. Já que eu estava sendo firme e a respondendo quando eu não sabia quem era ela, não iria baixar a defesa agora.
“Certamente a senhora se fez entender. Pelo pouco que conheço de sua religião senhora, sei que esta também possui código de vestimenta, também não deveria estar usando o seu... hum, qual o nome daquilo? Bem, o seu treco?” quando eu terminei senti muita gente querendo dar risada, mas todos se seguraram.
“Como eu me visto ou deixo de me vestir não é da conta da senhorita” ela respondeu com sua voz de trovão.
“Devo dizer o mesmo para a senhora. Não estou cometendo nenhum atentado ao pudor aqui, então... Eu visto a cor que eu quiser! Somos um país livre, caso a senhora não sabe” terminei. Ela ficou me encarando e depois olhou para os outros alunos: “Todos para as suas salas!” e depois ela me mandou ir para a sala dela pra termos uma conversinha.
Quando ela foi embora, a porta fechou e todo mundo no salão aplaudiu e deu vivas. Fiquei meio sem jeito, mas não corei. Eu não coro.
“Nossa Nimue! Você foi demais! Enfrentou aquela bruxa!” a tal da Larissa tinha voltado para o meu lado.
“Não fale assim das bruxas!” rebati magoada. Essas pessoas ignorantes não fazem a mínima idéia do que significa ser uma bruxa e falam como se fosse um julgamento.
“Opa! Calminha... Desculpa. Por que ficou tão ofendida? Não vai me dizer que é uma né?” ela disse sorrindo e brincando.
“Olá” disse um menino alto e desengonçado antes que eu respondesse a Larissa.
“Oi... Marcus” ela torceu o nariz quando falou o nome dele. Uma expressão de claro nojo.
“Não estava falando com você Larissa” a voz dele foi ainda mais repulsiva que a dela. Ela olhou-o chocada, magoada e se retirou. “Desculpe por isso. Dor de cotovelo” ele sorriu exibindo dentes perfeitos. Nunca via um sorriso tão perfeitinho. Parecia até de mentira. Dentes brancos, muito alinhados e nivelados. Parecia não ter nada fora do lugar.
“Vocês foram namorados?” perguntei curiosa.
“É. Namoramos ano passado. Ela terminou comigo pra ficar com alguém melhor, mas depois se arrependeu e quis voltar, mas eu não quis. Ela tentou de tudo. A última cartada dela foi se mudar pra mesma escola que eu” ele sorriu de novo. Pra alguém que parecia ter uma doida no seu pé ele parecia bem calmo e normal.
“Nossa. Que louco” sorri. “Meu nome é Nimue, mas bem, isso você já sabe” sorri e nesse exato momento um cabelo caiu no meu olho e ele esticou sua mão para tirá-lo da minha cara. Ele se demorou um pouco na minha bochecha acariciando-a. Não vou negar que eu gostei. Era errado eu gostar de receber carinho de um cara estranho, mesmo estando apaixonada por outro?
“Você está em que série?” ele perguntou descontraído passando um braço ao redor do meu ombro. Ele era tão frio e estava tão quente que não pude resistir.
“Segundo” falei. Minha voz soou fraca e abalada. O que estava acontecendo comigo?
“Serio? Legal! Eu também!” ele respondeu animado. Aproveitei que ele estava muito perto de mim para observá-lo melhor. Ele estava vestindo aquelas bermudas de surfista e uma camisa da Billabong. Esse cara tem dinheiro…
“Maaarcus!” uma garota doida veio do nada e se jogou contra ele. Logicamente ele tirou o braço ao redor de mim e passou ao redor da garota. Ela era ainda mais bonita do que a Larissa. Ela era loira também e seus olhos eram ainda mais azuis do que os da Larissa. Será que só havia loiras lindas de morrer por aqui? “Meu deus! Quanto teeeempo! Que saudaaades de você!” a loira disse ainda pendurada no pescoço dele.
“É, é mesmo” ele disse tirando os braços dela ao redor do pescoço dele. Então ele cumprimentou uns dois caras que estavam atrás dela. Os dois também era loiros e tinham os olhos azuis. Eu estava realmente surpresa pela quantidade de pessoas loiras dos olhos azuis que tinha aqui. O mais surpreendente de tudo é que todos são bonitos. Isso poderia ser ótimo se não fosse tão intimidador.
“Gente... Essa é a Nimue, mas todo mundo já sabe né” ele riu e todos riram junto. Todos eles eram tão loiros, só o Marcus era moreno. Moreno, mas mesmo assim tinha os olhos azuis. Ele não era tão bonito quanto os outros, mas nem de longe poderia ser chamado de feio. Ele era o mais alto de todos, meio desengonçado e o mais confiante.
“Oi... Sou Patrick, este é o meu primo Daniel e minha namorada Jessica” disse o loiro mais alto e mais forte, que era o mais bonito também, a propósito. Os outros dois me disseram um “oi” não tão receptivo quanto o Patrick.
“A Marcele já chegou?” o Marcus perguntou a eles. Eles, os meninos, se entreolharam e depois olharam pra mim e seus olhares pareciam dizer alguma coisa, mas infelizmente não deu para eu entender, já o Marcus deve ter entendido muito bem. “Bom, nós vamos encontrar o resto da galera Nimue, depois a gente se fala” ele se curvou em minha direção e me deu um beijo na testa. Quando olhei para a loira, ela estava me olhando com desdém.
Fiquei os observando irem embora. Todos eram bonitos e pareciam ser legais. Seriam esses os populares daqui? É provável. No exato momento que estava pensando sobre isso eu vi minhas irmãs praticamente penduradas nos pescoços de outros dois caras. Esses não eram bonitos. Mas eles também estavam segurando a poção delas. Céus! Elas querem conquistar todos da escola?
“Hã... Oi” disse um garoto na minha frente. No instante que fui olhar pra ele minhas irmãs aproveitaram para sumir da minha vista de novo.
“Oi” respondi olhando-o. Finalmente alguém que não era loiro! Quer dizer, alguém que não é loiro e que vem falar comigo. Tinha muitos morenos também, é claro. Porém esse cara não era loiro e nem moreno, ele era ruivo! A primeira pessoa ruiva que eu conheço na vida. Não pude deixar de sorri e ele retribuiu. Ele era mais alto que eu, devia ter 1,80 ou 1,90 algo assim. Seus olhos não eram azuis, nem verdes, nem castanhos, nem mel. Na verdade o garoto tinha um olho de cada cor. Um era azul e o outro era verde. A diferença era bem nítida. Seus lábios eram carnudos e bem vermelhos, sua boca era desenhada e...
“Achei muito incrível aquilo que você fez” ele parecia meio tímido, mas confiante também. Como ele conseguia expressar as duas coisas ao mesmo tempo?
“Não fiz nada. Na verdade a única coisa que eu fiz foi me meter em encrenca” meus pais se souberem e tenho certeza de que irão saber, vão me matar.
“É, se meteu em encrenca também, mas você inspirou uma grande confiança” ele disse serio. Seus olhos bicolores me deixavam... Não sei bem que palavra usar, eu não sabia se olhava para o verde ou para o azul, ou os dois...
“Eu?” perguntei olhando não mais para seus olhos e sim para as roupas que ele usava. Diferente de quase todos os garotos, ele estava usando jeans rasgados e não bermudas de surfista. Ao invés de camisas de marcas, ele estava usando uma camisa de botão meio aberta mostrando seu corpo malhado. Ele seguiu meu olhar e viu para onde eu estava olhando e sorriu. Desviei sem graça.
“Sim. Você mesma. Todos aqui sempre se vestem tão... Igual! Eu não sei como agüentam! É legal ver que alguém tem a atitude de se vestir diferente e ter a coragem de defender” ele não parecia mais tão tímido agora, na verdade parecia aqueles caras que lideram algo e sempre inspiram confiança nas pessoas. “Adorei seu vestido…”
“Ah obrigada! Eu...”
“Eu também gostei!” disse um outro cara vindo do nada. Certo, esse foi o mais diferente de todos que eu já vi. Ele era bonitinho, não lindo que nem os outros, mas era bonito. Seus olhos ao invés de serem azuis eram tão escuros quanto à noite. Sua boca não era desenhadinha, mas era perfeitamente desejável. Ele estava usando jeans que nem o ruivo, mas o ruivo estava com os jeans perfeitamente na altura da cintura, enquanto ele estava com os jeans lá embaixo mostrando sua cueca boxer preta. Sua pele era queimada de sol e sua camisa não era de marca que nem todo mundo usava. Sua camisa sequer era de manga que nem a de todo mundo. Ele estava usando uma camisa sem manga e totalmente lisa. Ele também tinha dois piercings na orelha, usava boné preto para trás e tinha uma tatuagem tribal num dos braços. Ah sim, ele era incrivelmente gostoso. “Mas gostei mais ainda de quem está nele” ele disse pegando minha mão e dando um beijo.
“Obrigada pelos elogios meninos” sorri para os dois. O ruivo estava com a cara fechada olhando feio para o garoto estiloso.
“De nada” o garoto estiloso disse. “Meu nome é Felipe” ele sorriu e piscou.
“O meu é Gabriel” o ruivo disse ainda enfezado.
“Prazer! Vocês são de que série?” por favor digam segundo!
“Segundo ano, baby. E você?” o Felipe perguntou.
“Sou do segundo também. Por sinal onde é a nossa sala?” perguntei reparando que o salão estava bem mais vazio desde que cheguei e minhas irmãs ainda estavam sumidas.
“Isso depende de qual sala você está, aqui temos cinco segundos anos diferentes” só quem estava respondendo era o bonitinho estiloso, o Felipe.
“Vocês... Estão em qual?”
“Eu sou da A” o Felipe disse apontando pra si. “Ele é da E” disse apontando para o ruivo.
“Não mais. Eu mudei para a A também, estou na sua sala” ele disse ainda emburrado. Caramba, esse garoto não sorri não? Ele tinha sorrido pra mim antes do Felipe chegar.
“Ah claro, esqueci que sua namoradinha está lá” o Felipe disse sorrindo irônico. Ok, pelo visto eles não eram amigos.
“Ela não é minha namorada, não mais. Terminamos certo? Esqueça isso” o ruivo disse e saiu com a cara fechada.
“Qual o problema dele?” perguntei.
“Você e eu. Eu e você…” ele sorriu e piscou novamente.
“Hã?”
“Ele deve ter ficado encantando com você assim como cada cara, solteiro e comprometido, desta escola, Nimue. Porém, para o azar dele, e de todos, eu me encantei com você. Você é tão... Diferente dessas patricinhas fúteis que temos por aqui” ele não estava mais sorrindo. Ele me olhava serio agora.
“Bom, não as conheço, posso ser muito diferente, ou não muito delas... Mas creio que sei identificar sozinha quem me atrai e sei escolher muito bem o que e quem é melhor pra mim” acenei com as mãos e fui atrás do Gabriel. Não foi difícil achá-lo, um ruivo no meio de tantos loiros e morenos. Ele estava sentado num banco em frente a porta que dava para a igreja.
“Oi…” eu disse me sentando ao lado dele. Ele olhou para cima e ficou bem surpreso.
“O que...? Por que está aqui?” ele perguntou olhando ao redor.
“Desculpe, posso voltar se quiser” me levantei, mas ele segurou meu braço. Olhei em seus olhos e pude ver uma tristeza neles.
“Não vá, fique por favor” ele disse e soltou sua mão dos meus braços. Poderia ser verdade o que o Felipe falou? Que o Gabriel estava afim de mim? Naquele momento eu esqueci de todo o resto, esqueci do Fred, das minhas irmãs, dos meus pais... De tudo! Só o que eu conseguia pensar é em qual seria a sensação de beijar o Gabriel e ter aqueles músculos envoltos no meu corpo. “Sinto muito por ter saído daquele jeito. Eu...Simplesmente não suporto o Felipe” ele confessou pensativo.
“Seria muita intromissão minha perguntar o por que?” falei receosa, mas ele simplesmente ficou olhando para o chão mudando as expressão de acordo com o que ele falava.
“Não. Ele... Ele simplesmente se acha o maioral da escola e a maioria das pessoas por aqui concordam com ele. Quer dizer, ele é um cara legal, divertido, descontraído, tira boas notas e é muito cativante e generoso com todos, mas...” ele parou. Se o Felipe era tudo isso por que ele não gostava dele então? Huh, isso é estranho.
“Mas até um tempo atrás eu era o seu melhor amigo. Nós éramos uma dupla. E ele... Bem, ele simplesmente se aproveitou disso e roubou minha namorada. O pior é que ela era virgem e não quis transar comigo, mas com ele ela transou! Ela deu pra ele! Amigo nenhum come a namorada do outro...” ele disse claramente com raiva. Eu sorri, mas não dele e sim por lembrar que ainda algumas pessoas dizem que homens não se traem que isso é coisa de mulher.
“O pior... É que depois ela ficou grávida” ele completou e eu vi que lágrimas vieram aos olhos dele.
“Grávida?” gente que babado. Será que todos na escola sabiam disso? Seria melhor eu perguntar depois antes de espalhar sem querer.
“É. Sabe quem foi a primeira pessoa que ela contou? Sabe pra quem ela pediu ajuda? Pra mim! Pra mim! Logo pra mim... Ela veio até a mim, chorou… Ela estava desesperada. Nesse dia nós ficamos e ela...” ele olhou pra mim meio constrangido talvez.
“Ela o que?” perguntei curiosa.
“Pagou um pra mim” ele completou. Pagou um pra ele? Céus! Essa menina dava pra todo mundo? Que... “Não pense mal dela. Ela é uma boa pessoa” creio que sim, pensei com meus botões. Acaba com a amizade entre melhores amigos, fica grávida de um, depois pega o outro... Certamente uma boa pessoa. “Eu que… Talvez não tenha sido bom o suficiente pra ela” enquanto ele falava lágrimas começaram a surgir no canto de seus olhos, mas não caíram.
“Gabe...” uma menina o chamou. Ela parou na frente dele e sequer olhou para mim ou me cumprimentou. Ela estava de calça jeans skinny com uma blusa de alcinha florida e sapatilha. Ela tem um estilo bem meiguinho e uma carinha de inocente… Ele olhou pra cima e seus olhos se expandiram ao ver quem era, seja lá quem ela fosse. Eles ficaram se olhando nos olhos por um tempo indefinido. Por mais que eu me sentisse uma intrusa naquele momento dos dois, algo fez com que eu mantivesse meus olhos neles dois. Quem desviou primeiro foi a garota para olhar pra mim. Ela me olhou de cima abaixo antes de falar alguma coisa.
“É por ela que você está me trocando?” ela perguntou olhando pra ele. A expressão dele era tão parecida com a dela... Os dois pareciam estar em agonia.
“Você me trocou Nanda. Lembra? Você que decidiu fuder com o Felipe! Por que não vai atrás dele?” agora ele não estava nem um pouco calmo. Seu rosto estava vermelho e ele parecia com raiva.
“Não fala assim Gabe. Por favor, não fala assim. Eu te disse...” ela parou e olhou pra mim. “O que ela faz aqui afinal? Você não se toca não garota? Isso é entre namorados. Você está sobrando aqui. Vaza” ela disse me enxotando com a mão. Qualquer pessoa com o mínimo de semancol teria saído dali imediatamente, mas algo me manteve ali de alguma forma.
“Será que sou eu que estou sobrando aqui? Ele não é mais seu namorado! O que esperava depois de...” eu parei constrangida. Eu não falava sobre sexo com estranhos! Mal falava com minhas amigas imagina com estranhos! “Você sabe, com o amigo dele e espera que ele a perdoe? Se toca!” falei com mais raiva do que deveria. A história nada tinha a ver comigo, mas eu já estava mais envolvida do que o esperado, envolvida demais pra voltar atrás.
“Olha aqui sua… Não irei perder meu tempo com você certo? Apenas dê o fora, isso nada tem a ver com você, apenas saia daqui!” dessa vez ela foi mais incisiva. O que eu poderia fazer além de sair dali? Me levantei e surpreendendo-me o Gabriel levantou também. Ele era realmente alto.
“Gabe… O que pensa que está fazendo?” ela perguntou chorando. Incrível como ela chorava e a maquiagem dela não borrava nenhum pouco.
“É melhor você cuidar do seu macho melhor antes que ele procure por outra, de preferência que não seja a minha, porque senão eu prometo Nanda, que se ele fizer isso de novo eu quebro a cara dele. E você… Se quer um conselho, evite-o, nunca mais faça essa besteira de ficar com ele e por favor, me esqueça” ele passou seu braço ao meu redor e eu o abracei. Não porque eu queria algo com ele e sim pra reconfortá-lo. Não durou muito, porque logo depois de eu o abraçar a tal da Nanda me puxou e me empurrou em direção ao chão. Logicamente eu caí, mas não me machuquei.
“Você só quer ela porque ela é nova! E daí que ela ainda deve ser virgem? Tenho mais experiência Gabe, sei das coisas, essa daí não deve nem saber o que é…” antes dela terminar a frase ele a interrompeu beijando-a. Sim, ele a puxou para si e a beijou na boca. Não foi qualquer beijinho não, foi um desentupidor de pia. Eu achei que eles iriam se devorar ali mesmo. O mesmo foi de uma fome imensa, assustador. Todos no salão pararam pra olhá-los. Para sorte deles dois, não tinha nenhum funcionário do colégio por perto. Para azar o deles, o Felipe estava perto.
“E você ainda queria que eu acreditasse que o filho era meu?” ele riu sem humor. Finalmente o Gabriel e a Fernanda pararam de se beijar e estavam olhando pra o Felipe. “O amor é lindo, não acha Nimue? Esses dois foram feitos pra ficarem juntos, mas são burros demais pra verem isso” o Felipe disse e veio até a mim que estava apenas olhando a cena meio sem rumo. Quer dizer então que o Gabriel amava mesmo essa menina? Mesmo depois de tudo o que ela fez com ele? Não pude deixar de me sentir infeliz, o que é uma bobagem devido ao fato que tenho namorado.
“Pois é Felipe… Eu sempre amarei a Nanda, ela é minha melhor amiga e esse beijo foi apenas uma despedida. O filho é seu sim, você deveria assumir. O garoto é a sua cara” o Gabriel falou numa voz totalmente calma. Todos do salão olhavam para eles, inclusive minhas irmãs. Pela primeira vez elas não estavam com alguns garotos.
“Ela teve o filho porque quis. Por mim teria abortado! Se quis ter... Responsabilidade é dela e não minha. Eu não tenho filho algum” ele deu de ombros como se dissesse que estavam com um livro que não era dele. Como alguém poderia falar de um filho dessa maneira?
“Você é um cretino Felipe! Um cretino!” a tal da Nanda gritou.
“Você deu pra mim porque quis, não te obriguei a nadinha. Traiu seu namorado porque quis também” ele a acusou e pelo visto era a pura verdade.
“Olha Nimue, mal te conheço, nem sei direito quem você é, mas vai por mim e fica longe do Felipe. Ele não presta. Ele te usa e joga fora” ela disse olhando para mim, o olhar era quase amigável.
“Não ouça uma palavra do que ela diz Nimue” o Felipe disse para mim. “Você acha que ela é do seu tipinho? Ela é alguém séria e pra se comprometer e não pra se divertir que nem você. Só mesmo o maluco e inocente do Gabe pra cometer essa besteira” ele disse pra ela e logo depois todos ouvimos um estalo dos dentes dele quebrando.
Todos no salão ficaram olhando a cena, alguns rindo, outros chocados, outros preocupados, outros excitados com a ideia de uma briga. Não sei exatamente como me senti. Talvez um pouco de tudo. Por um instante me imaginei no lugar da tal Nanda. Dois caras gatos brigando por mim em frente toda a escola… Tudo bem que tinha a parte ruim de ser ela, como por exemplo, ter um filho de um cara que acha que ela é uma vagabunda e ainda amar o ex-namorado que não quer mais nada com ela. Isso é ruim o suficiente para uma pessoa. Mas bem, ela fez por onde.
“Imbecil!” o Felipe gritou para o Gabriel que tinha lhe dado um belo soco. O Felipe estava com a boca sangrando e não estava nenhum pouco bonita. Já o Gabriel parecia prestes a matar alguém. A Nanda ficou olhando pra ele surpresa e ficou em frente ao Felipe gritando para o Gabriel não continuar.
“O que está acontecendo aqui?” a mulher de vestido florido voltou ao salão e estava espantada com a cena. Ela parou olhando para todos e depois olhou para o Gabriel e mostrou uma clara surpresa. Pelo visto ele não era muito de se meter em confusão. Ela então olhou para o Felipe com desdém e depois para a tal da Nanda e soltou um “ah” em compreensão. É, pelo visto a história do triangulo amoroso deles era conhecida pelo colégio inteiro. Por último ela olhou para mim e fez uma cara de interrogação, mas de deleite também por me ver “meio” envolvida com a história.
“A Sra. também está envolvida nisso?” eu juro que poderia quebrar a cara dela só pra desfazer aquele sorrisinho nojento dela. Sim, estou lembrada que ela é a diretora e que devo respeito.
“Ela não tem nada a ver com isso, irmã” o Gabriel falou em minha defesa. Eu achei que ele estava entretido demais no Felipe para sequer reparar ou lembrar de mim, mas ele lembrou mesmo que ainda estivesse com os olhos no Felipe.
“Ela está fora disso irmã, ela e a Nanda nada tem a ver com isso. O problema é entre nós” o Felipe disse olhando para o Gabriel. A tal da “irmã” olhou para o Gabriel e ele acenou concordando. Então os dois foram escoltados para fora do salão e todos voltaram a fazer o que estavam fazendo antes, isso é claro, antes de nós termos que entrar na igreja para a missa de boas vindas.
O resto do dia foi bem tranqüilo, somente algumas pessoas vinham me cumprimentar e elogiar sobre eu ter enfrentado a diretora que pelo visto era uma verdadeira mala sem alça. No mais, não vi o Felipe e nem o Gabriel. Eles, feliz ou infelizmente, não estavam na mesma sala que eu. Eu estava no segundo B.
É, Nimue... Boa forma de se começar o ano!

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