sábado, 21 de agosto de 2010

O brilho da estrela...

Endra estava deitada na imensa cama de Pátrir. Tudo bem que ele era realmente grande né, mas não precisava tanto espaço. Talvez ele fosse muito espaçoso.
“Está doendo?” ele perguntou gentilmente a Endra que respondeu com ironia.
“Não não, imagine. Não quer trocar de lugar não?” ele riu. As saturnianas não sentem nada durante o parto. Mas ele já ouvira falar que as marcianas sentem e muita. Não devia ser algo fácil dar a vida a alguém. No entanto esta mulher estava dando a luz, morrendo de dor e ainda tinha espírito para ironias. Com certeza ela era diferente.
“Acho que não, obrigado” ele respondeu sorrindo. O sorriso dele era o sorriso mais encantador que ela tinha visto. Parecia que existia uma espécie de aura mágica. Prendeu a atenção dela. Muito.
Toda a atenção de Endra foi voltada para Pátrir e pensamentos com ele. Ela soltou um gemido baixo ao sentir aquela pele quente e macia tocando na sua. Sorte que foi tão baixo que nem Pátrir e nem o Jink ouviu.
Depois de lembrar-se do Jink e o fato que era casada, ela voltou a se lembrar que estava tendo um filho. Será que seria menino ou menina? Ela estava ansiosa pra saber e esperava por um menino. Nunca sonhou em ter filhos, mas se tivesse que fosse um garoto.
O parto foi extremamente difícil, mas foi muito rápido. Logo, logo a criança estava em seus braços. Seu desejo foi realizado! Era um garoto! Um lindo garotinho por sinal. Mas quando ela olhou pros olhos da criança teve uma surpresa.
A criança tinha os olhos exatamente iguais aos de Pátrir. Exatamente iguais. Vermelhos sangue. Só o olhar de seu pequeno que era diferente. Isso quer dizer o que? Endra ficou completamente abalada por isso.
“Um menino meu amor! Um menino, como dizia a profecia...” disse Jink emocionado quando pensou que viu seu filho pela primeira vez.
“Não!” gritou Endra assustada.
“Não o que?” Jink estava preocupado. Endra parecia com medo e chocada e não feliz como deveria estar.
“Querida, não se preocupe. É um lindo menino, é saudável olhe... e se parece com...” Jink não terminou. Aquele menino não se parecia com ele, se é que bebês podem se parecer com alguém. Parecia com...
Pátrir sentiu a atmosfera mudando. O garoto era muito parecido com ele. Sorriu satisfeito com isso. Era um menino! Mas não havia tempo para se comover com o nascimento de seu filho. Era necessário fazer coisas. O sistema poderia se acabar se ele não fizesse.
Pátrir pegou seu filho em seus braços, tirou a adaga e cortou seu filho no braço. O bebê começou a chorar muito e parecia um choro de dor. Isso doeu nele.
Jink olhou para Pátrir com verdadeiro ódio em seus olhos. “Como ousa machucar meu filho em minha frente?” urrou para Pátrir. Este o ignora e leva o bebê até a cápsula que pára a contagem imediatamente quando o sangue da criança foi derramado.
“Seu...” Jink começa a falar, mas não termina, pois quando ia atacar Pátrir o clima de Saturno começa a atingi-lo. Frio, muito frio. Só agora Jink percebeu que não sentia muitas partes do seu corpo. Ele estava petrificado, praticamente.
“Pátrir!” Endra grita. “Como se atreve...?” ela ainda estava abalada pelo parto. Suas palavras saíram fracas, sua voz estava fraca.
“Perdoe-me princesa. Isso era necessário. Sabe como se abre uma cápsula como aquela? Com sangue mestiço!” Pátrir tentou explicar.
“Mas por que meu filho? Ele não é mestiço!” respondeu indignada, porém ainda estava fraca.
“Bom princesa... Tem certeza de que seu filho... Não é?” ele não conseguiu dizer. Como ela não podia lembrar da noite em que eles passaram juntos? Como?
Ele apenas olhou para ela e se deitou ao lado dela, juntamente com o bebê em seus braços como havia feito na primeira vez. Como se tivesse sido atingida por um raio Endra lembrou de toda a historia.
Ficou chocada. Pátrir! Era ele! Ele era o verdadeiro pai de seu filho e não Jink! “Ai. Meu deus.” Pensou ela. “O que eu fiz? Como pude?” choramingou.
“Você não traiu seu marido Endra. Isso tudo aconteceu antes de você se casar. Acho que estava tão machucada que não tinha consciência do que estava fazendo” disse melancolicamente. Era realmente uma pena que não tenha sido consciente. Ela amava esse Jink. Estava na cara, era o marido dela. Eles eram da mesma raça, o certo a se fazer. O que ele deveria fazer.
“Não estou chocada com isso. Mas... a profecia” ela conseguiu dizer. Isso significava que a profecia estava certa ou que estava errada?
“Endra! Fuja querida! Fuja desse maluco! Nosso filho... Ele quer nos matar Endra! Fuja... Tentarei distraí-lo apenas saia daqui” Jink, que já estava imobilizado e esquecido por Pátrir e Endra, gritou.
Endra riu. Riu de verdade. Isso era algum tipo de brincadeira?
Enquanto vagava por seus pensamentos, uma serviçal de Pátrir chega por trás e dá um golpe na cabeça de Jink que cai desmaiado no chão.
“Endra...” Pátrir recomeçou. Agora ele tinha que ir até o fim. “Sabe quem sou?” ele perguntou preocupado.
“Pátrir Surtik. Apenas sei seu nome. Me desculpe. Ele não me é estranho. Já ouvi em algum lugar, mas não lembro onde” ela respondeu meio envergonhada. Tinha se deitado com o cara e mal sabia quem era ele? Uma vergonha! Ah se seus pais soubessem disso...
“Bem Endra. Você está certa, esse é o meu nome e claramente você tem que saber quem sou Endra. Sou o líder de meu planeta. Sou o líder de Saturno” ele confessou. Como será que ela iria reagir? Sua cabeça trabalhava a mil preocupado com a opinião dela.
“VOCÊ É QUEM?” ela gritou.
“Sou o líder de Saturno. Pátrir Surtik” ele respondeu ainda com medo.
“Eu... Você?” ela gaguejou. Não conseguia encontrar as palavras. Mas o que ela iria dizer? Não havia muita coisa a se dizer.
“Sim, Grã – Princesa” ele disse sorrindo, estava um pouco mais calmo. “Você é mãe do filho do líder de Saturno” ele riu. Ela não pode deixar de sorrir. Como não contribuir aquele lindo sorriso dele?
“Uau” foi tudo o que ela conseguiu dizer.
“Eu sei, eu sei. Nosso filho... Se parece muito comigo, não acha?” ele disse aninhando o bebê em seus braços. O bebê sorriu. Havia parado de chorar a muito tempo. Já não podia se dizer a mesma coisa da mãe que chorava. Um choro silencioso, só podia ver as lágrimas rolando.
“Jink...” ela disse. Pátrir compreendeu. Ela amava Jink e tinha o traído. Um filho com o inimigo. Se fosse com ele, ele não iria gostar. Coitado do pobre Jink.
“Eu sei. Mas eu não sabia quem você era antes de dormir com você” ele disse. Tentava se desculpar por algo que não tinha culpa.
“Não é isso” ela disse fungando. “É só que... Como ele vai ficar quando souber que o filho não é dele? Quando eu falar que não posso ficar com ele?”
Pátrir nem ouviu toda a frase. Somente uma ficava repetindo em sua mente “eu não posso ficar com ele”. Ele abriu um enorme sorriso. Não pode se controlar.
“Por que não? Ele é seu marido. Tenho certeza de que ele irá te perdoar” disse.
“Perdoar ele vai. Jink é sempre muito compreensivo. Mas... Não posso amá-lo Pátrir. Não posso. Creio que...” ela não podia terminar. Ela sentia que amava Pátrir, mas era uma tola. Tudo bem que ela dormiu com ele e teve um filho com ele. Mas só por isso não significava que eles tinham que ficar juntos ou que ele gostava dela.
“Não sei como irei viver sabendo que a mulher que amo e meu filho estão morando com outro” Pátrir disse. Endra mal podia acreditar em seus ouvidos. Estaria ela delirando? Podia ser, ela tinha acabado de dar à luz. Pátrir não poderia amá-la. Não é? Ou será que poderia?
“Sei que não deveria princesa. Não costuma acontecer isso com nós, saturnianos. Se apaixonar como vocês fazem. Mas aconteceu comigo, antes eu não percebi. Mas agora eu sei, como não sei, só sei que sei. Te amo. E amo nosso filho”.
Endra não soube o que fazer. Nem o que pensar. Tudo o que sabia era que o amor de Pátrir era correspondido. Ela também o amava e tinha um filho com ele. Porém era casada com Jink e toda sua família gostava dele. Gostariam de um saturniano? Certamente que não.
“Isso pouco importa agora” ela pensou. Tudo o que ela conseguiu pensar foi em beijar aqueles lábios novamente. E foi o que fez.
Quando voltou a olhar ao redor, se lembrou de Jink estava caído ao chão e tinha uma mulher muito excêntrica do lado dele. Ela emitia uma espécie de luz dourada, bizarro.
“A profecia foi comprida. A estrela está brilhando. Endrik irá reinar sobre todos aqueles que tiverem juízo” disse isso sorrindo e desapareceu do nada.
“Endra... Ou prefere que te chame de princesa?” Pátrir disse sorrindo. “A guerra continua na lua. Não acha melhor pararmos?”
“Com toda certeza” ela sorriu e o beijou novamente.

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