sábado, 21 de agosto de 2010

Os 5

Numa época de caça aos bruxos em geral, mas especialmente as bruxas, pessoas inocentes eram condenadas por bruxaria, pessoas eram torturadas, eram queimadas em fogueiras por estarem sendo acusadas de serem hereges segundo a Igreja. Mas entre essas pessoas acusadas de bruxaria muitas delas não eram bruxas, mas apenas utilizavam o conhecimento das ervas. E algumas delas eram realmente bruxas. Os bruxos foram obrigados a camuflarem seus objetos para continuarem com seu culto em segredo, como por exemplo, a colher de pau, hoje em dia muito utilizada para fazer bolos e etc., era na verdade uma varinha, uma varinha camuflada. A bruxaria sempre usou a oralidade para passar seus conhecimentos aos mais jovens, mas na época de caça as bruxas eles já não podiam fazer mais isso, então eles criaram o “Livro das Sombras”, que seria nada mais que um diário das bruxas, para passarem seus conhecimentos para as próximas gerações.
Existiam várias famílias de bruxos, umas muito antigas, outras recentes se formavam e entre essas famílias muito antigas existiam 4 que foram unidas pelos seus mais jovens membros: Max O’ Higgins, Egan O’ Shea, Brid Cotter e Aine Fogartys. 4 jovens bruxos unidos por um laço muito forte: a amizade. Max, Egan, Brid e Aine eram amigos desde crianças e juntos aprenderam a respeitar acima de tudo a natureza. Juntos ficaram fascinados com as belezas da natureza e também juntos aprenderam a dominá-la. Até hoje ninguém sabe como eles conseguiram obter poderes dos 4 elementos, certamente eles eram fortes se não fossem não teriam conseguido tal façanha. Mas assim como os outros bruxos eles foram perseguidos, eles sabiam que logo os inquisidores os achariam e os matariam. Eles não poderiam morrer antes de passar o segredo do poder deles. Constantemente eles mudavam de um lugar para o outro para não serem achados tão facilmente, eles não faziam a menor idéia como iriam passar seus poderes, até que Brid teve uma idéia:
- Poderemos passar nossos poderes para um objeto tornando-o mágico.
- É uma boa idéia, mas será que um simples objeto irá agüentar os nossos poderes? Todos juntos? – perguntou Egan.
- Provavelmente um simples objeto não suportaria nossos poderes, mas quem disse que eu estou falando de um simples objeto?
- Então de qual objeto você está falando? Que objeto é esse que irá suportar nossos poderes? – indagou Aine.
- Um objeto que represente os nossos poderes.
- Você não está sugerindo um...- falou Max.
- Exatamente.
- Uma excelente idéia, mas mesmo ele, eu não acho que irá suportar nossos poderes. - concluiu o Max.
- Talvez não ele inteiro... Mas se o dividirmos...
- Dividi-lo em 4?
- Lógico que não, até mesmo não é possível dividi-lo em 4 partes... Só é possível dividi-lo em 5 partes!
- 5 partes? Mas nós somos 4, os elementos são 4, nossos poderes são 4.
- O pentagrama tem cinco pontas, creio que vocês saibam os significados de cada uma delas, não?
- Lógico que sim, cada ponta representa um dos 4 elementos...
- E a 1ª ponta representa: o espírito.
- Você está louca Brid? Como daremos poder a 5ª parte?
- Todos juntos, passaremos nossas almas para essa parte do pentagrama, essa parte é a que irá juntar as outras e fazer com que sempre fiquem unidas, nós somos muito unidos, acho que posso dizer que formamos um só.
- Entendo, resumindo cada um de nós irá passar seu poder para uma ponta do pentagrama e todos nós iremos passar nossas almas para a 5ª parte, não é isso?
- Exatamente, só que para passarmos nossas almas para o medalhão nós....
- Precisamos morrer!
- Sim... Se não quiserem vou entender, mas foi a única idéia que eu tive.
- Nada disso, acho que você não poderia ter tido uma idéia melhor, eu aceito. – falou o Max.
- Eu também aceito. – falou Egan.
- Eu também. - falou Aine.
- Mas acho que temos um probleminha... Não temos nenhum pentagrama aqui. – constatou Egan.
- Temos sim, temos o medalhão que é passado de geração em geração na minha família, é um pentagrama de prata muito antigo e ele é passado logicamente somente ao filho mais velho.
- Então não falta mais nada, vamos começar.
- Espere um momento, não podemos completar o ritual agora, para passar nossas almas para a 5ª parte teremos que morrer todos juntos e não temos herdeiros para passar as outras partes.
- Você está certa! Precisaremos de herdeiros para que eles continuem com a nossa linhagem...
- E o que faremos agora?
- Iremos passar nossos poderes para as 4 partes faltando somente a 5ª parte. Depois que tivermos filhos, poderemos finalmente terminar. – disse o Max.
- Tem uma coisa que eu não disse para vocês... Esse medalhão só funciona nas mãos do filho mais velho, por isso se algum de vocês tiver mais de um filho e gostar mais do segundo filho e resolver passar a parte do medalhão para ele, eu aviso logo que o medalhão não o aceitará, nas mãos das pessoas erradas ele não passará de um simples enfeite. Minha família jogou um feitiço nele para aceitar somente ao primogênito e para aceitar somente a nossa família e eu terei que desfazer esse feitiço para lançar um que aceite somente a nós 4, ou nossos herdeiros. E foi por isso que até hoje minha família sempre só teve um filho para não haver brigas e para que sangue mágico não seja derramado, aconselho que façam o mesmo.
- Só um filho? Sempre quis ter uns 3 filhos. – disse Aine.
- Você poderá ter quantos filhos quiser, mas não poderá passar sua parte do medalhão a qualquer filho que não seja o mais velho. – falou impacientemente o Max.
- Isso mesmo Max, e podem crer que o medalhão saberá quem é o mais velho. Ah antes que vocês me perguntem já vou avisando que caso algum de vocês tenha um filho bastardo e esse for o seu primogênito e que depois você se case e tenha um outro filho, você deverá passar o medalhão para o bastardo, então tenham cuidado. E também peço para que sempre mantenham seu sobrenome para que caso nossas gerações futuras se percam um dos outros eles possam se achar através de nossos sobrenomes.
- Não entendi. – falou Aine.
- Como se isso fosse novidade. É o seguinte, eu sou uma mulher e na nossa cultura normalmente a mulher e os filhos recebem o sobrenome do marido, mas meu filho ao em vez de receber o sobrenome do pai irá receber meu sobrenome para que se algum dia ele se perder dos outros, os filhos de vocês, possa achá-los através dos nossos sobrenomes. Então não importa se for homem ou mulher mantenham sempre o sobrenome e digam isso para seus filhos e o mandem dizer para seus netos e assim sucessivamente.
- Essa idéia de manter os sobrenomes é excelente. Eu concordo com sua família Brid, é melhor que tenhamos apenas um filho assim evitamos brigas entre irmãos. – disse o Egan.
- Então podemos “fabricar” nossos filhos agora mesmo. – disse o Max.
- É mesmo, afinal nós 4 somos amigos mas também somos dois casais.
- Vocês prestaram alguma atenção no que eu falei?
- Claro que sim! Isso não é brincadeira, é o nosso futuro, o futuro das nossas famílias, e é a nossa vida.
- Pois não parece, não podemos “fabricar” nossos filhos agora.
- Por que não Brid? – perguntou Aine.
- Porque se eu e o Egan tivermos um filho, essa criança será o meu primogênito e será o primogênito do Egan. Ele herdará duas partes do medalhão e irá ganhar o sobrenome do Egan e não o meu já que o Egan é homem.
- E daí? Ao menos assim manteremos unido nosso sangue.
- Isso não pode acontecer. Se um objeto não consegue suportar os nossos poderes juntos imagine uma pessoa.
- Quer dizer que não podemos misturar nosso sangue, por assim misturaremos nossos poderes? Mas então não precisamos fazer o medalhão, já que no nosso sangue contem nossos poderes.
- Não é isso. A magia que contêm no nosso sangue é uma espécie de chave pra ativar o medalhão, entenderam?
- Sim. – todos responderam concordando e assim, mudando a vida de muitas gerações futuras.

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