sábado, 21 de agosto de 2010

Pátrir:

Foi no meio da guerra à primeira vez que a vi. Eu estava lutando contra o inimigo, quando ao me desviar do ataque dele olhei para o chão e vi uma criatura feminina. Ela tinha uma aparência tão delicada quanto uma porcelana. Eu não fazia idéia do motivo de ela estar ali, em lugar tão inapropriado para sua pessoa. Ela tinha os cabelos tão negros quanto à noite, pele tão branca quanto à luz emitida pela lua, enfim parecia a filha de Luna. Seu corpo parecia bastante machucado e estava ao lado aos montes de corpos, não sei se mortos ou apenas feridos, inimigos e aliados.
Não sei o que deu em mim, mas eu precisava proteger aquela criatura de algo tão cruel quanto esta guerra. Ela não podia ficar aqui, ainda mais do jeito que estava: desmaiada no chão. A guerra acontecia violentamente, para todo lado que se olhasse veríamos pessoas guerreando. Mortes em massa... Mas não me sentia nenhum pouco culpado por isso. Guerras acontecem, não tem como evitar. Guerras são necessárias.
Terminei rapidamente com meu oponente, mais rápido que o normal, devo acrescentar, e corri até o corpo da bela moça. Estava viva, soube, pois gemia. Resmungava alguma coisa ininteligível. Não entendi e nem tentei entender. A peguei em meus braços e chamei alguns de meus guardas para saírem comigo dali. Precisava levar esta moça de volta ao nosso planeta, ela não deveria ficar aqui.
Certamente odiei o pensamento de deixar a guerra e todos logo agora, porém minhas obrigações eram com todos e não só com os guerreiros. Estávamos indo bem de qualquer forma, estávamos ganhando a guerra como eu sabia que iríamos. Portanto não faria tão mal voltar a Saturno e verificar como anda as coisas por lá e deixar a moça sob os cuidados de pessoas certas.
Durante toda a viagem ela permaneceu em meus braços e não pude deixar de notar sua aparência. Toda desgrenhada, sim é verdade. Não estava vestida como uma mulher e sim como um guerreiro, exatamente pronto pra guerra. Ela devia ser uma daquelas que não querem cuidar de uma família e sim lutarem como os homens, uma rebelde. Eu ri com este pensamento.
Demorei a perceber, no entanto, que nunca tinha pensado em moça nenhuma como havia pensado nesta. Na verdade minha espécie apenas se relaciona para mantermos a raça. Não era o meu caso com esta desconhecida. Eu não queria ter filhos estava muito certo disso. Aparentemente ela também não se for julgar por sua roupa e o lugar onde a encontrei. Mas eu a queria de alguma forma. Uma forma diferente, não sei explicar como.
Não fui preparado para esse tipo de querer e nunca ouvi falar sobre tal. Não era um querer como eu queria minha mãe, apesar de parecido em muitas formas. Era um querer novo, ao menos para mim. Talvez o clima da lua tenha derretido meus miolos. Pode ter sido isso. Se for não terei com o que me preocupar porque acabei de chegar a Saturno. Enfim em casa...
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